ATA DA OCTOGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATURA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA EM 21-8-1989.

 


Aos vinte e um dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala das Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Octogésima Sétima Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, , Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Giovani Gregol, Heriberto Back, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Nelson Castan, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos, Wilton Araújo e Jaques Machado. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Artur Zanella que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura das Atas da Octogésima Sexta Sessão Ordinária e Vigésima Sexta Sessão Solene, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Cyro Martini, 06 Pedidos de Providências, 01 Indicação, 01 Emenda ao Projeto de Lei do Legislativo nº 59/89 (Proc. n° 1464/89); pelo Ver. Edi Morelli, 01 Emenda ao Projeto de Lei do Legislativo nº 02/89 (Proc. n° 261/89), 01 Emenda ao Substitutivo nº 02 do Projeto de Lei do Legislativo nº 115/82 (Proc. n° 1305/82); pelo Ver. Elói Guimarães, 02 Pedidos de Informações; pelo Ver. Ervino Besson, 01 Pedido de Providências, 02 Pedidos de Informações; pelo Ver. Gert Schinke, 01 Substitutivo ao Projeto de Lei do Legislativo nº 105/89 (Proc. 1941/89); pelo Ver. Leão de Medeiros, 05 Pedidos de Providências, 01 Pedido de Informações; pelo Ver. Luiz Machado, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Mano José, 01 Pedido de Providências, 01 Pedido de Informações; pelo Ver. Vicente Dutra, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Wilson Santos, 01 Substitutivo ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 17/89 (Proc. nº 1957/89). Ainda, foi apregoado pela Mesa o Projeto de Lei do Executivo n° 36/89 (Proc.nº 2315/89). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 123/89, do Sport Club Rio Grande; 174/89, da Câmara Municipal de Lavras/RS; Circular, do Instituto Brasileiro de Administração Municipal; Circular do DIEESE. A seguir, foi aprovado Requerimento verbal dos Vereadores Vicente Dutra, Clóvis Brum e Vieira da Cunha, solicitando a inversão na ordem dos trabalhos passando-se à ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação, em Urgência, foram aprovados: o Projeto de Lei do Legislativo nº 78/89, o Projeto de Resolução nº 16/89 e o Projeto de Resolução nº 18/89. A seguir, foram aprovados Requerimentos de dispensa de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data, para os referidos Projetos, de autoria, respectivamente, dos Vereadores Vicente Dutra, para o Projeto de Lei do Legislativo nº 78/89, e do Ver. Valdir Fraga, para os Projetos de Resolução nºs 16 e 18/89. Em discussão Geral e Votação Secreta, foi aprovado, por vinte e três votos SIM contra dez votos NÃO, dados ao Projeto de Lei do Executivo nº 28/89, tendo sido declarado rejeitado o Veto Parcial a ele oposto, após ter sido discutido pelos Vereadores Clóvis Brum e João Dib, Adroaldo Correa, Nelson Castan, Airto Ferronato, Elói Guimarães, José Valdir, Dilamar Machado, José Alvarenga, João Motta, Vieira da Cunha, Décio Schauren, Flávio Koutzii, Giovani Gregol, Lauro Hagemann e Artur Zanella. Foram escrutinadores os Vereadores Ervino Besson e José Alvarenga. Durante os trabalhos, o Sr. Presidente respondeu à Questão de Ordem de autoria do Ver. João Dib, a cerca do pronunciamento do Ver. Giovani Gregol, quando em Discussão Geral. Os trabalhos estiveram interrompidos das quatorze horas e vinte e seis minutos às quatorze hora e trinta e cinco minutos, nos termos do art. 84, inciso III do Regimento Interno. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente encerrou os trabalhos às dezoito horas e doze minutos, convocando os Senhores Vereadores para Sessão Extraordinária, a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga, Clóvis Brum, Lauro Hagemann e Wilton Araújo. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Estão abertos os trabalhos.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Para um Requerimento. Requeiro nos termos regimentais a inversão da Ordem do Dia, de maneira que possamos apreciar de início o Proc. nº 1586 – PLL nº  78/89, para depois apreciarmos as matérias mais complexas.

 

O SR. PRESIDENTE: O Requerimento do Ver. Vicente Dutra seria para alterar a Ordem do Dia, passando para o primeiro Projeto 1586, 2025 e após o Veto, 1992.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Para um Requerimento. E logo após Pauta. Depois da Ordem do Dia e Pauta, voltaremos ao Grande Expediente.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Somo-me à preocupação do Ver. Vicente Dutra e do Ver. Clóvis Brum, mas apenas gostaria que a inversão se desse na ordem prevista para votação, que apreciássemos em primeiro lugar o Proc. nº 1992, que trata do Veto Parcial ao PLL que fixa os vencimentos dos funcionários...

 

(Apartes anti-regimentais.)

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: ... já que o próprio autor do Projeto informa que não tem interesse em discutir, abro a mão da minha Questão de Ordem e somo-me a ele.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento dos Vereadores Vicente Dutra, Clóvis Brum e Vieira da Cunha. Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Vamos suspender a Sessão por dois minutos para Parecer da Comissão Conjunta.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h26min.)

 

(Às 14h35min, o Sr. Valdir Fraga reassume os trabalhos.)

 

ORDEM OD DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO – URGÊNCIA

 

PROC. Nº 1586/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 078/89, de autoria do Ver. Vicente Dutra, que denomina Praça Itália um logradouro público.

 

Parecer Conjunto:

- da CJR e CUTHAB. Relator Geral Ver. João Dib: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Encerra a discussão. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

O Sr. 1º Secretário procederá à leitura de um Requerimento encaminhado à Mesa.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: De autoria do Ver. Vicente Dutra, Requerimento solicitando que o Processo recém aprovado seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-o aprovado nesta data.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

PROC. Nº 1969/89 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 016/89, de autoria do Ver. Valdir Fraga, que defere aos funcionários da Câmara Municipal de Porto Alegre a escolha do nome do restaurante localizado no Palácio Aloísio Filho.

 

Parecer Conjunto:

- da CJR e CUTHAB. Relator-Geral Ver. Wilton Araújo: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

O Sr. 1º Secretário procederá à leitura do Requerimento encaminhado à Mesa.

O SR. 1º SECRETÁRIO: De autoria do Ver. Valdir Fraga, Requerimento solicitando que o Processo recém aprovado seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-o aprovado nesta data.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

PROC. Nº 2025/89 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 018/89, de autoria do Ver. Valdir Fraga, que denomina largo Pôr-do-Sol a área em frente a entrada da lateral da Câmara Municipal de Porto Alegre.

 

Parecer Conjunto:

- da CJR e CUTHAB. Relator-Geral Ver. Elói Guimarães: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

O Sr. 1º Secretário procederá à leitura de um Requerimento encaminhado à Mesa.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: Requerimento de autoria do Ver. Valdir Fraga, solicitando que o processo recém aprovado seja dispensado de distribuição de avulsos e interstício para sua Redação final, considerando-o aprovado nesta data.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO SECRETA

 

PROC. Nº 1992/89 – VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 028/89, que fixa os vencimentos dos funcionários da Administração Centralizada e Autarquias do Município e dá outras providências.

 

Parecer ao Veto:

 – da CJR.  Relator Ver. Elói Guimarães: pela rejeição do Veto.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão. Para discutir, o Ver. Clóvis Brum.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Estivemos reunido com o Sr. Prefeito Municipal outro dia, ocasião em que ele manteve contato pela manhã do mesmo dia com os trabalhadores da Prefeitura.

Neste primeiro contato foi levada aos trabalhadores uma proposta e, diante da negativa dos trabalhadores, da inviabilidade de os trabalhadores discutirem aquela proposta, o Prefeito então apresentou nova proposta que enviou à Casa mas, na verdade, ficamos ainda com uma dificuldade muito grande, que é a de se condicionar o pagamento que é devido aos trabalhadores da Prefeitura de Porto Alegre, desde janeiro e fevereiro deste ano, e reconhecido este débito pelo próprio Prefeito Olívio. Mas reconhece a alternativa que coloca para efetuar o pagamento do resíduo, o débito com salários, com os trabalhadores da Prefeitura, ele condiciona este débito a um comportamento da receita do Município. Porém, em se tratando da folha de pagamento, de pagamento de pessoal, há uma grande divergência entre a Casa, bancadas, e a posição da Administração Popular. Por ocasião do envio do primeiro Projeto, Sr. Presidente, o Projeto anterior a este, n° 1992, objeto de Veto, enviou o Prefeito para uma definição de despesa com pessoal. Mas, uma definição que, a grosso modo, englobava até serviços com terceiros. Evidentemente que por aquele conceito, entendida assim a despesa com pessoal, evidentemente que iria, segundo as previsões acerca de 80 a 90% da receita. De maneira alguma votarei em um Projeto que diga que o Prefeito está comprometendo 98% com os funcionários em nível da receita. Não voto este Projeto porque ele padece de seriedade nos cálculos.

Ora, seria irresponsabilidade de qualquer Câmara de Vereadores comprometer 98% de uma receita com o quadro de funcionários, quando sabemos que isto não é verdade.

De maneira, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que o Veto, exatamente, é o caminho escolhido pela Administração Popular para não pagar esse débito de salário que tem para com os trabalhadores. O Ver. João Dib outro dia mostrava-se preocupado no sentido de que, se a proposta do Prefeito se estendesse às reivindicações da categoria, ele seria pela aceitação do Veto. E todos nós concordávamos com isso, aceitaríamos o Veto, uma vez que o Projeto enviado pelo Prefeito atendesse reclamos mínimos da categoria, ao nível de pagar esse débito de salário que já tem a Prefeitura desde de março para com os trabalhadores, em relação os meses de janeiro e fevereiro.

Mas Projeto enviado pelo Executivo, na verdade, é um Projeto que não recebeu a aprovação na categoria, por ocasião da Assembléia Geral. Nós temos pautado, aqui, a nossa votação em torno das postulações da categoria, quando dirigia a Associação o nosso companheiro Ver. Paulo Cruz, sempre votamos favorável aos reclamos da categoria; depois passou a dirigir o Sindicato a Professora, militante do PT, nós também passamos a votar com a categoria. E continua o nosso voto, praticamente inalterado, vamos votar com a categoria.

Hoje, nós não teríamos uma outra saída senão a derrubada do Veto. É necessário derrubar o Veto. Até para dar ao próprio Executivo, aos próprios funcionários condições de discutirem. Se o Prefeito quer pagar esse resíduo agora em agosto, não há problema. Derrubado o Veto está restaurada a Legislação, o Prefeito que mande pagar esse resíduo e depois encaminhe o Projeto tratando dos outros detalhes. Mas, fundamentalmente, o que nós temos, hoje, é uma coisa prática, é a maneira de se viabilizar legalmente o pagamento desse resíduo ainda em agosto. E para se viabilizar o pagamento do resíduo em agosto, não temos muita coisa para discutir. É derrubar o Veto, manter a Emenda das Lideranças da Casa e, com isto, está viabilizada. Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a fórmula do Sr. Prefeito Olívio Dutra efetuar esse pagamento. A bem da verdade, eu registro que, das Lideranças só não assinaram a do PCB e a do PT a Emenda vetada pelo Prefeito, que estipula o pagamento dos resíduos de 25,73% para o presente mês. Acho, Sr. Presidente, que esta discussão vai longe. Não a discussão das razões por que se derruba o Veto. Se derrubar o Veto, simplesmente, porque a Emenda é do Legislativo, a proposta é da Câmara e, mais do que da Câmara, é exatamente um débito que o Prefeito reconhece. O Prefeito Olívio Dutra mandou, na Exposição de Motivos, no primeiro Projeto, dizendo que reconhecia esse débito, mas a Câmara tinha dado um prazo de 30 dias para a apresentação de uma outra proposta, pela qual o Prefeito deixaria claro a data em que pagaria esse resíduo. Pois bem, já decorreram quase 60 dias e não veio a proposta, a não ser a proposta condicionada, aquela que condiciona o resíduo a um comportamento da receita e a um comportamento de despesa de pessoal, comportamento esse que decorre, exatamente, da definição do que é despesa de pessoal imposta pela Administração Popular.

De sorte, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que nós encaminhamos pela rejeição do Veto, na certeza de que a Casa, hoje, resgata pela segunda vez uma justa aspiração dos funcionários municipais que decorre não de um oportunismo da Casa, mas decorre de muita luta e sacrifícios desses funcionários e que até o final do ano passado essa luta – não vamos fazer injustiças – também tinha o concurso ativo das Lideranças do PT. Portanto, estas conquistas que estão, em parte, contempladas pela Emenda das Lideranças em reação a esse resíduo de janeiro e fevereiro, é um conquista que levou muito de perto o trabalhador das Lideranças do PT, durante a campanha eleitoral, na busca de melhores salários para os trabalhadores. Eu acho, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que a Bancada do PT deve votar maciçamente pela rejeição do Veto, eu não vejo outra solução política porque, senão, a Bancada do PT estaria votando contra as suas militâncias que, no final do ano passado, lutaram por estas conquistas.

A Emenda que as Lideranças apresentaram não é uma outra coisa senão as conquistas conseguidas pelos funcionários municipais com participação decisiva das militâncias do PT que naquela oportunidade dirigiam o Sindicato da categoria.

Portanto, eu acho, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, para finalizar, que nós contamos também com o voto da Bancada do PT na rejeição desse Veto, na certeza de que o Prefeito Olívio Dutra pagará esse resíduo ainda este mês e viabilizará um outro Projeto complementando alguma outra coisa que a Administração entenda correto aplicar. Mas rigorosamente, a nossa tarefa hoje é rejeitar o Veto. E eu conto, Ver. Flávio Koutzii, com os votos da Bancada do PT, sempre fiel aos trabalhadores, principalmente à categoria da Prefeitura de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): O próximo orador inscrito para Discussão do Proc. n° 1992 é o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, considero-me um Vereador consciente, um servidor público municipal por vocação, formação e convicção e consciente das minhas responsabilidade de servidor e de Vereador. Sou um homem de diálogo. Sou um homem de debate. Recebi do Sindicato dos Municipários, algumas sugestões que, evidentemente, eu li mas não as considero capazes de mostrar aos 33 Vereadores o caminho a ser seguido, pela responsabilidade que nós temos de representar a população desta Cidade.

Recebi do Secretário da Fazenda, como os demais Vereadores devem ter recebido, o resultado do encontro de Fortaleza, dos Secretários de Fazenda dos Municípios, tentando ensinar aos Vereadores o que deve ser feito. Recebi e li. Também não vou considerar porque, evidentemente, eu disse que era um homem responsável e, em sendo responsável, eu procurava informações onde elas estivessem e que não me seriam  dirigidas.

Aliás, nesta tribuna, há alguns dias atrás, eu avisei que, quando Prefeito Olívio Dutra aqui esteve, avisando que faria o orçamento com a população, ele estava apenas tentando amordaçar a Câmara para que nós tivéssemos que aceitar, integralmente, aquelas colocações que seriam feitas, evidentemente, prometendo serviço – e eu não digo que a promessa fosse vã – mas prometendo serviço e pedindo aumento de alíquotas de impostos. Em seguida, o Secretário da Fazenda João  Verle, já disse que o IPTU não tem acompanhado as taxas de crescimentos dos impostos. É claro, o ICM e o ISSQN cresceram muito mais, conseqüentemente, tinha que decrescer o valor do IPTU. Felizmente, para nós, o ICM e o ISSQN cresceram muito, isso é muito bom para nós. Também disse que se deveria criar uma taxa de iluminação, também falou na contribuição de melhorias e, agora, lá de Fortaleza vem a orientação segura para os Vereadores que, parece, não fazem outra coisa além de esperar informações. O Prefeito Olívio Dutra esteve na Casa, na quarta-feira passada, e eu disse, com toda a tranqüilidade, com toda isenção que a palavra do Prefeito me bastava, não precisava o documento do Prefeito para que nós aceitássemos o Veto. E eu disse que era posição do Ver. João Dib, não de minha Bancada. Mas, hoje, um fato novo ocorre, a minha Bancada se coloca pela rejeição do Veto. E eu vou acompanhar a minha Bancada, evidentemente. O fato novo que se coloca é que a Administração Municipal, através de seus Secretários e Diretores-Gerais, pagam uma nota, publicada nos três jornais da Cidade dizendo que os servidores em assembléia geral não aceitaram a limitação de 98% para a cobertura da despesa de pessoal. E eu, que tenho dito com muita tranqüilidade, que gosto de números, por descendente que sou de árabes, e que faço conta de cabeça, também eu já havia alertado para o fato que nós nunca chegaríamos aos tais de 98%. Desta tribuna eu já havia dito que eu tinha em mãos um documento da Secretaria da Fazenda, mostrando que no mês de maio a despesa com pessoal, na forma errada que a Administração Municipal conta, chegava a 66,96%. A Administração Municipal também mandado pelo Secretário, como se eu não lesse o Diário Oficial, o Secretário da Fazenda manda uma cópia do Diário Oficial, num documento que é o balancete de mês de junho, que eu já havia analisado, e mostrando, inclusive,  à Direção do SIMPA, que eu tinha feito a análise, onde para uma receita de CZ$ 24.107.176,55 eles tinham uma despesa de CZ$ 19.448.802,80. Vale dizer que no sistema bancário da Cidade devem estar depositados CZ$ 4.658.374,00, sem contar a receita do DMAE que também está depositada no sistema financeiro, e que é muito mais do que isso. Sem contar que o DMAE não está incluído, e por isso disse que não me preocupava com os 98% que a Administração coloca como limite, não me preocupava porque aqui está o balancete do mês de junho, tenho o de maio, e se nós, no mês de junho, acrescentamos os 37% e alguns quebrados, que foi o reajuste dos servidores municipais, chegamos em torno de 20% para uma arrecadação superior a 30 milhões de cruzados, portanto, ficamos dentro dos 60% outra vez. E se acrescentarmos os 25,73%, em agosto chegamos a 25 milhões de cruzados, para uma arrecadação, talvez, de uns 35 milhões de cruzados novos. Novamente, ficamos dentro dos limites constitucionais que são 65%. Não sei porque a Administração criou os 98%, e nós, os 33 Vereadores temos responsabilidade sobre o que ocorre nesta Cidade. Nós, os 33 Vereadores, de repente temos que dizer ao povo que não está sendo gasto 98% da arrecadação municipal com o funcionalismo, e não está sendo gasto, porque está aqui um documento que o Secretario da Fazenda me mandou, que foi analisado e que mostra que apenas 60% foi gasto em junho. Inteligentes que somos, observadores que somos, estamos sabendo que a arrecadação do ICMS do mês de julho sobe muito. É o primeiro mês em que começa subir realmente, nós sabemos que o orçamento que foi feito para um acréscimo de cerca de 400% sobre a arrecadação efetiva do ano passado, o primeiro semestre deu um acréscimo de mais de 1.300%, e se a Administração diz que a inflação foi cerca de 480%, para reajuste vão a mais de 1.000% para alguns servidores 500% e pouco para outros, a arrecadação subiu mais de 1.300%, portanto, ela tem condições de pagar. Não chega nunca a 98%.

Então, a Administração Municipal está tentando desacreditar nos servidores municipais. E é por isso que me entristeço, quando os servidores em assembléia seguiram o caminho da Administração Municipal. Os Servidores Municipais – na assembléia – endossaram a posição do Executivo, quando demonstraram que tinham medo dos 98% por qualquer posicionamento...

 

(Manifestações nas galerias.) 

 

O SR. JOÃO DIB: ... não estou pedindo à galeria nenhuma informação. Eu estou analisando o que vi. Não pedi nada. Não precisam ter medo. Apenas eu quero respeito.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa solicita que as galerias e o Plenário ouçam o orador com atenção.

 

O SR. JOÃO DIB: Os Servidores Municipais endossam o posicionamento do Executivo Municipal, quando mostram que tinham medo dos 98%.

 

(Manifestação nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa pede, encarecidamente, sob pena de ter de tomar outras providências, que a galeria se mantenha em silêncio para ouvirmos os oradores.

 

O SR. JOÃO DIB: Eu sei que os 33 Vereadores se preocupam com o destino desta Cidade. Em nenhum momento, nenhum Vereador deixaria de gastar 98% da arrecadação do Município com pessoal. Nem os servidores municipais iriam querer gastar os 98% da arrecadação com os seus próprios salários. E eu tenho dito, permanentemente, desta tribuna que a elite dos servidores municipais do Brasil está em Porto Alegre e para que se seja elite é necessário que se tenha sentimento de responsabilidade e que se tenha competência. E os servidores municipais têm. Não posso, porque sou servidor municipal aposentado mas sou, sou um Vereador, deixar de registrar a minha tristeza porque foi endossada a posição do Município, da Administração Popular, dos Secretários que pagaram uma nota para dizer que os servidores não aceitavam o limite de 98% como se esse limite fosse verdadeiro.

 

O Sr. Clóvis Brum: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. João Dib, eu acompanho com atenção o pronunciamento de V.Exa. e devo dizer que na última reunião de liderança eu me retirei da reunião, exatamente, quando se iniciava a interpretação por parte da Liderança do PT, desse percentual de 98% porque eu dizia, na oportunidade, que é muito difícil contestar em função do volume de notícias que o Prefeito começava a largar na Cidade de que os percentuais eram 98%, quando nós sabemos que não é verdade este percentual.

 

O SR. JOÃO DIB: Sou grato ao aparte de V. Exª mas, nobre Vereador, Srs. Vereadores, nós deixamos uma população intranqüila, nós deixamos a população imaginar que 98% da arrecadação está sendo gasta para o pagamento do funcionalismo, o que não é verdade. Nós todos temos a responsabilidade de mostrar a esta Cidade o que está ocorrendo aqui. Se a Administração não sabe administrar, como parece não saber, sabe usar o noticiário e até com matéria paga. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito,  Ver. Adroaldo Corrêa.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a posição do Prefeito ao vetar, individualmente, na Lei que estabelece o reajuste bimestral a Emenda das Lideranças propondo para agosto o pagamento da diferença devida do reajuste de março, no nosso ponto de vista, previa o ritmo da Prefeitura. Como a gente está colocando, está nesta Casa desde sexta-feira, foi apregoada, deve ir para discussão de Pauta na Sessão de hoje ou talvez numa Sessão Extraordinária, previa com objetividade uma discussão do conjunto dos problemas da Cidade e não da forma como vem dizer aqui o Ver. Clóvis Brum tem razão no que diz, está correto quando afirma que jamais votaria algo que viesse a comprometer tanto o orçamento deste Município com pessoal. E nós achamos que o Ver. Clóvis Brum errou, se equivocou em dizer jamais, porque ele votou isto no dia 28.12.1988, quando ele e os demais membros integrantes da Legislatura anterior votaram o Plano de Carreira que no primeiro quadrimestre comprometeu não 98%, mas 90% dos quatro meses do orçamento com o pagamento de pessoal.

Então, o Ver. Clóvis Brum está equivocado, ou veio aqui dizer uma coisa que não respeita a globalidade do debate, e apenas tem o compromisso com a intervenção aqui, apenas no momento em que a faz e não com a sua própria história e nem com o que realmente o Veto do Prefeito a esse Projeto a Emenda de Liderança está propondo e propiciando enquanto debate. O Ver. Clóvis Brum ou estava errado no dia 28.12.88 ou está errado agora, talvez esteja errado nos dois momentos. Outra questão que gostaria de comentar é que o Ver. João Dib chegou a essa tribuna, algum tempo atrás, pautando a sua intervenção na receita para julho que na sua avaliação seria superior a de junho e disse, hoje, de novo aqui que se em junho nós obtivemos uma arrecadação de 24 milhões 107 mil 176 cruzados e 55 centavos, nos estaríamos beirando os 30 milhões ou mais em julho, e comprometeu os seus vencimentos em relação à Prefeitura nesta aposta de cálculo de cabeça que fazia. E está devendo à Prefeitura. Vai ser passada uma Guia de Recolhimento para esse salário porque a receita de julho ficou em 24 milhões, fora do exercício do cálculo do Ver. João Antônio Dib.

 

O Sr. João Dib: V. Exª Permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu vou pagar o meu salário com muita satisfação, desde que seja aquilo que eu falei. Era 98%, não falei na arrecadação de julho, não vinculei o meu salário e não estou fugindo, mas se for constatado nos Anais da Casa que eu disse isso, também minha palavra vale mais do que qualquer documento que eu viesse a assinar. Falei que não seria 90% da arrecadação, não seria 80 e não seria 70.

 

O SR. ADROLADO CORRÊA: Perfeito. Neste aspecto, conforme a sua conceituação de despesa de pessoal, talvez estejamos de acordo de que não chegará aos 90%. A divergência é conceitual em relação às despesas de pessoal, que alguns entendem que as transferências feitas para o pagamento de pessoal nos Departamentos e nas Autarquias não são despesas de pessoal. O correto é observar que a previsão de 30 milhões de arrecadação no mês de julho – embora não vinculada à aposta, não estou discutindo  a aposta, estou discutindo os números verificados já na Prefeitura – não chegam a 30 milhões, repetiram, infelizmente, o resultado de junho, de 24 milhões de cruzados, o que é outra história, mas é também dentro do assunto que nós estamos discutindo  e não diz respeito apenas ao Veto, mas sim à necessidade de pagar as necessidades do funcionalismo e de pagar, objetivamente, o custo do serviço da Cidade que o funcionalismo faz, e faz porque a população estabelece como sua demanda, por prioridade, tanto através desta Câmara como diretamente à Prefeitura ou nas reuniões comunitárias, e só os servidores municipais é que fazem. Isto tem que ficar claro, sem pagar os funcionários não se faz o cumprimento das prioridades. E aqui eu gostaria de estabelecer também um reparo: recebi, como o Ver. João Dib a correspondência não do Secretário do Município de Porto Alegre João Verle, Secretário da Fazenda, mas da Associação dos Secretários das Finanças das Capitais – ABRASF. A Carta de Fortaleza é encaminha pelo Secretário João Verle, por decisão do encontro Nacional de Secretários da Fazenda, que está obrigado, como um Secretário da Capital, a encaminhar a deliberação de um Congresso de que participa, vota, delibera e acata de todos os Partidos. Para nós chegou a correspondência da Associação Brasileira dos Secretários das Finanças das Capitais remetida, nesta oportunidade, pelo Secretário, aí sim, João Acir Verle. Há uma diferença não de conteúdo porque o Secretário é associado e é autor da distribuição disto em Porto Alegre, Capital do Estado do Rio Grande do Sul. Mas a ABRASF, que congrega todos os Secretários de Fazendas das Capitais diz, na sua correspondência de 28 de julho de 1989, que divulgará a todos o Vereadores das Capitais os princípios que deverão fundamentar as novas leis municipais que serão, basicamente, as seguintes: “- é uma orientação de Secretários que pertencem a todos os partidos, não do Secretário João Acir Verle - a) progressividade das alíquotas, especialmente para o IPTU, que deverá recuperar sua importância na arrecadação municipal pela atualização do valor venal das propriedades; b) prioridades para os tributos diretos IPTU e ITBI, como forma de se atingir uma melhor justiça social; c) instituição efetiva da contribuição de melhoria para permitir o desenvolvimento do programa de obras da Cidade, recuperando, para o Poder Público, o custo do investimento público municipal; d) valorização das taxas de forma que cubra os custos reais dos serviços prestados como, por exemplo, o de limpeza pública;  e) atualização dos valores das parcelas de pagamento dos tributos de forma a não permitir a corrosão inflacionária das receitas municipais.” Este é o conjunto da realidade objetiva das Secretarias da Fazenda em todos os estados, nas suas capitais. E diz, também na sua correspondência: “que o cumprimento é um luta de todos os municípios – pela Caixa Econômica Federal dos compromissos de desembolsos para atender financiamentos já contratados, FAS, FIDREN, CURA, é uma exigência desse encontro. Na maioria das vezes esses recursos são destinados a obras de caráter nitidamente social como saneamento e saúde, e que essas competências, tanto da União e dos Estados, têm sido proteladas no tempo e na transparência aos cofres municipais”.

Em relação ao Veto, no nosso entender, há uma necessidade de compreender, com objetividade, que se o Prefeito tem uma posição, sim, de pagamento, tem um conceito de gasto de pessoal, tem uma expectativa desse pagamento em função da arrecadação, não é razoável discuti-lo separadamente do conjunto da situação da Cidade sob pena de fazer aqui o discurso  do Ver. Clóvis Brum, que diz que não faz, mas fez em dezembro e, agora, não fará comprometer a folha até 98%. Nós não dissemos, em momento algum, que hoje a folha está comprometida em 98% pelos vencimentos do funcionalismo; nós dizemos que isso nós não queremos que aconteça e, se ali chegar, a situação é muito grave na Cidade. Acredito que se está falando seriamente aqui e respeitando a todos. Muito obrigado pela atenção.

 

(Revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: A palavra, com o Ver. Nelson Castan, pelo espaço de 10 minutos.

 

O SR. NELSON CASTAN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o que estamos observando nesta tramitação deste processo aqui na Casa é uma proposta do Executivo, uma proposta de barganha. Que barganha é esta? O Executivo propõe à Câmara que se aceite o Veto dessa reposição salarial, que já deveria ter sido paga a muito tempo em troca dessa concordância, deste bom comportamento, entre aspas, da Câmara de Vereadores e o Sr. Prefeito manda um Projeto de Lei que propõe mudanças na lei salarial que rege os funcionários municipais de Porto Alegre.

Então, vamos raciocinar; o que significa esta barganha? Em primeiro lugar, nos é proposto aceitar o Veto do Prefeito naquilo que é uma obrigação da Prefeitura Municipal pagar  o funcionalismo. É um valor atrasado que deveria ter sido pago. Houve um acordo nesta Casa de que o Prefeito Municipal mandaria a forma de pagamento, escalonamento desses 25%. O Prefeito não cumpriu com esta parte do acordo e em troca nos propõe esta barganha. Agora eu me pergunto: será que os Vereadores desta Casa irão barganhar com a Prefeitura, tendo como subproduto, como resultado desta barganha o não pagamento de 25% a que têm direito os funcionários municipais? Eu acredito que esta iniciativa do Sr. Prefeito mostra um certo desconhecimento a respeito desta Casa, mostra até um certo juízo de valor em que o Sr. Prefeito faz de muitos Vereadores que têm assento aqui nesta Casa. Eu entendo que nós temos que considerar o Projeto de Lei mandado pelo Sr. Prefeito, mas em hipótese alguma sob condição de ameaçar os funcionários municipais de não ganharem essa reposição. A reposição, os 25% são sagrados e devem ser pagos imediatamente. Não tem como os Vereadores desta Casa negociarem em cima desse quesito. Cada vez mais as Bancadas Oposicionistas vão tomando consciência do que significa, na verdade, essa forma de encaminhamento do problema proposto pela Prefeitura. Então, da minha parte e eu tenho certeza que da parte da nossa Bancada, não há barganha, não vamos derrubar o Veto para garantir ao funcionalismo os salários que a Lei lhes faculta. Isto então é o primeiro ponto, está muito claro, não aceitamos esse tipo de barganha.

Em segundo lugar, é a natureza do Projeto de Lei enviado pelo Executivo. Eu confesso para o Senhores, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que quando li pela primeira vez o Projeto de Lei, eu fiquei positivamente impressionado com a magnanimidade, com a boa vontade da Prefeitura em pagar o funcionalismo com reajustes mensais. Pensei cá comigo, mas isso representa um grande avanço para a categoria. Se já tínhamos a bimestralidade, passaria ser mensal. Sem dúvida que seria um grande benefício para a categoria. Mas quando eu fui ler mais detidamente o Projeto e me pergunte: mas o que esta por detrás de tudo isso? O que o Sr. Prefeito está pedindo em troca? Aí conversei detidamente com o Líder da minha Bancada, e observamos que esse Projeto de Lei, na forma em que esta proposto, é inaceitável por esta Casa. Como é que a Câmara de Vereadores vai arbitrar um número 98%, ou 87%, 78%, um número cujas parcelas, cujos elementos de cálculo quem dará é a Prefeitura Municipal. Como esta Casa vai aceitar uma limitação dragoniana como esta, em que se passa o Executivo a faca e o queijo para que diga, após, seus cálculos, seus critérios. Não estamos duvidando da seriedade do Executivo, mas critérios são vários, sou economista e sabemos como se podem chegar nos mais variados números, na melhor da boa fé. Mas não podemos dar ao Executivo Municipal esta possibilidade, esta condição em que o Sr. Prefeito com seus Assessores, seus Secretários, cheguem a um percentual e de repente vem para a Câmara dizendo que não podem pagar porque estourou o mês, o limite. Com que tranqüilidade a Câmara de Vereadores passará a ser conivente com uma norma dragoniana, que nos tira completamente qualquer possibilidade de verificação de critérios a serem empregados no cálculo.

Então me parece, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que qualquer número, seja 98%, ou qualquer número decrescente, como está embutido no Projeto de acordo com as disposições transitórias na Nova Constituição, até chegar a 65%, seja qual for o número aleatório, como é este, não sei de onde surgiram os 98%, porque querem nos fazer cúmplices de uma determinação como esta, para que a população diga; “os Vereadores estão junto com o Prefeito limitando em 98%. Qual a Cidade que quer ter 98% dos seus recursos destinados a pagamento de pessoal? De onde surgiram os 98%?

Em primeiro lugar, este número é aleatório, não obedece a qualquer critério, não sabemos se obedece a algum critério, de onde veio este cálculo. Em segundo lugar, coloca a Prefeitura como árbitro único dos números a serem apresentados e conforme os números, o funcionário poderá ter ou não a sua reposição salarial. Então, efetivamente, é colocar uma dose excessiva de poder unilateral nas mãos do Sr. Prefeito. Acredito que isso não é bom para a Administração Popular, não é bom para esta Câmara de Vereadores. E, certamente, não é bom para o funcionalismo, porque o funcionalismo tem o direito das suas reposições sistemáticas corrigindo o desgaste da inflação. Isto é um direito de qualquer trabalhador deste País.

E aqui queremos colocar a colocação do Governador Brizola que em vez de falar em choque de capitalismo, o Governador Brizola falou em choque de salários, ou seja, nenhum trabalhador neste País, seja do setor público, seja do setor privado, pode perder mais, isto aí tem que ter um basta neste País. Então, não vamos nós aqui da Câmara Municipal de Porto Alegre entrar num esquema obscuro que possa ter o reflexo daqui a 6 meses, daqui um ano. O reflexo do arrocho salarial do funcionalismo municipal, isto é inaceitável por esta Casa. Eu acredito que a Bancada do PT será sensível a estes argumentos.

De outro lado, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o conceito de gastos, o conceito de arrecadação, são conceitos extremamente polêmicos. Como é que vamos permitir que um grupo de técnicos se coloque na posição de árbitros, do que é certo do que é errado? Hoje de manhã, nós tivemos uma reunião de Bancada e a Bancada sugeriu que fosse feita, uma consulta ao Tribunal de Contas. Isso seria uma iniciativa correta. O Tribunal de Contas poderia nos orientar à luz da Legislação que itens efetivamente devem ser computados, e que itens estão entrando pela porta dos fundos.

Então, Srs. Vereadores, Sr. Presidente, isto é um assunto de mais extrema preocupação. Nós não achamos que uma norma como esta possa ser aprovado por uma Câmara de Vereadores. Eu gostaria, Sr. Presidente, usando um pouco a sua boa vontade, dar o aparte ao Ver. Dib rapidamente.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Seria suficiente que os cálculos fossem retirados, o Departamento de Limpeza Urbana e o Departamento Municipal de Habitação ou, contrario senso, já que se inclui duas autarquias, inclua-se a terceira também, que vai sobrar dinheiro.

 

O SR. NELSON CASTAN: Só para concluir, Sr. Presidente, então fica aqui a nossa manifestação e dizendo que aquilo que pensei, no início seria uma conquista dos Servidores Municipais tem um ônus muito sério, muito grave e que pode se voltar duramente contra o funcionalismo nos próximos meses. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Airto Ferronato.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores., na semana passada tivemos a oportunidade de usar essa tribuna para falar acerca do Projeto enviado a esta Casa pelo Sr. Prefeito Municipal e, naquele momento, nós dizíamos que a preocupação maior que tínhamos era a definição de três conceitos.  Em primeiro lugar, o que é receita corrente. E isto é muito simples, basta se ler a Lei nº 4.320, que temos este conceito. Em segundo lugar, seria o conceito de despesa de pessoal, incluindo-se o pessoal ativo e inativo. Este conceito também está contido na mesma Lei. E o terceiro ponto importante seria definição do que é, de quais as entidades que fazem parte na composição da receita corrente e da despesa pessoal. E, naquele momento, também eu havia dito, em primeira mão, que acredito que, na definição, na conceituação entre receita pública e despesa pública, forçosamente, devem entrar as Autarquias, inclusive, da interpretação que faço do art. 169, § único da Constituição Federal. Concordo plenamente com o que diz o nobre Ver. João Dib: ou neste Projeto de Lei se inclui todas as autarquias municipais, ou não se inclui nenhuma. E eu parto da premissa que, para um conceito globalizado, para melhor informação à população, para inclusive garantir ao servidor público, o conceito mais correto é a inclusão de todas as autarquias e não a exclusão de algumas. E vejo mais, a Constituição Federal, em seu art. 169, diz que uma Lei Complementar deverá definir os parâmetros entre a receita pública corrente e despesa de pessoal.

Então, ao meu ver, cabe ao Congresso Nacional a expedição de uma lei que tinja as três esferas de governo e que defina com clareza este percentual de comparação. O Sr. Prefeito apresenta, no entanto, uma proposta que é o início e que diz que este percentual para Porto Alegre é de até 98%, despesa de pessoal – receita corrente. E quero aqui deixar bem claro que pelas intervenções que estou assistindo do Sr. Prefeito Municipal, ele não está divulgando exatamente como a Bancada do PT, nesta Casa, tem defendido. As informações que o Sr. Prefeito dá a público têm um caráter claro de mostrar  à população que está comprometendo 98% de sua receita corrente com pessoal. Então, isto aí, efetivamente, vai nos fazer o quê? Vai fazer com que nós, uma vez aprovado esta Lei, não mostrando exatamente o que ela representa, o Sr. Prefeito vai procurar distorcer estes fatos. Então, nós temos que estar atentos. A única participação do Sr. Prefeito que eu vi e digo a onde: Câmera 2, ele deu a entender que estaria comprometendo 98%, quando isto não é verdade.

Apenas uma posição pessoal, eu gostaria de dizer ao nobre Ver. Nelson Castan que a Comissão de Orçamento e Finanças tem condições de responder aos anseios que V. Exª tem e gostaria de fazer uma consulta ao Tribunal de Contas. É meritório, mas nós, nesta Casa, também estamos em condições de fazer esta definição. E mais, pelo conhecimento que tenho de 15 anos que atuo especificamente nesta área, pelas informações que nos chegaram, pelos cálculos simplistas que se fez, a correlação de despesa de pessoal e receita corrente na Administração Direta, ela alcançou 81,42% em janeiro. Eu não tenho o cálculo da Administração Indireta, mas não posso entender como se chegou àqueles percentuais divulgados pela Administração, para janeiro. E assim, 72% em fevereiro, e assim por diante. Voltando a falar do Projeto que hoje temos em discussão, nós gostaríamos de dizer que, tecnicamente, é difícil de se entender porque o Sr. Prefeito Municipal veta um Projeto aprovado nesta Casa, que concede 25% assegurados, garantidos e reconhecidos pelo Sr. Prefeito em março, e, hoje, veta este Projeto que vamos avaliar hoje à tarde, apresentando, simultaneamente, um Projeto que concede estes mesmos 25% condicionado a outro Projeto maior.

Então, nós gostaríamos de deixar clara esta nossa posição: não se atinge 98% sob hipótese alguma. Não podemos vender a imagem à população de que o funcionário público é responsável pelo caos financeiro em que se encontram todas as estruturas públicas deste País. Tenho defendido idéia neste sentido. Há muito tempo tenho acompanhado o fato de que se tenta fazer do funcionário público o vilão da história, enquanto que, na verdade, nós funcionários públicos somos os grandes sacrificados. Aonde nós vamos – e temos um candidato que, lamentavelmente, está crescendo graças a isto – é só tentar defender o servidor público,       que vemos um desespero de causa, porque o público, mal esclarecido, tenta dizer que nós estamos consumindo toda a folha, o que é uma radical e irresponsável mentira. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Com a palavra, o Ver. Elói Guimarães.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Prefeito Municipal veta a Emenda fundamentada na falta de competência desta Casa, por gerar despesa, mas esquece S. Exª, o Prefeito Municipal, que há uma Lei anterior, a Lenº 6.309, de 28 de dezembro de 1988, que estabelece a média do reajuste do funcionalismo. E é bom que se diga, quando se fala em reajuste do funcionalismo, o que está tendo o funcionalismo municipal com a aplicação do Plano de Classificação de Cargos, da Lei nº 6.309, o que estão tendo os funcionários? Aumento? Não, absolutamente não, não estão tendo aumento. Não estão tendo nenhum reajuste da inflação, vejam  bem, correção inflacionária. A Lei nº 6.309 estabelece que o funcionalismo terá reajustado seus salários com base no desgaste da moeda, ou da inflação. Pois é isso que o Sr. Prefeito Municipal nega ao funcionalismo. O Prefeito Municipal está negando, ao funcionalismo, a correção da inflação.

Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, isso não é aumento, isso não é reajuste de salário, isso não faz o salário do funcionário crescer, isso não acrescenta, apenas corrige o poder de compra. É isso que o Prefeito Municipal nega ao funcionalismo, e vem dizer que a Casa exacerbou-se da sua competência. Mas o que faz a Casa? A Casa apenas estabelece uma Lei, para o cumprimento da Lei.

Então, o que é inconstitucional não é a Lei que cria, é o Veto do Sr. Prefeito. A inconstitucionalidade se localiza no Veto, e não na norma, na Lei, na Emenda, que determina a correção do salário incorporando os 25%, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que anda mais significam, que nada mais representam do que a recuperação da inflação, ou seja, a recuperação do poder de compra. O funcionário que recebe um mil – exemplificativamente – fim do mês, se não corrigido com os 25%, passa a receber, no dia 30, 25% a menos.

Pois é isto que se busca, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, com a iniciativa da Casa de fazer com que o Prefeito  Municipal cumprisse o que determina a Lei. Mas isto o Sr. Prefeito Municipal nega, e é bom que se diga:  isto não é aumento, é apenas correção da inflação. Esta parcela está fazendo falta ao funcionalismo. Esta parcela de 25%, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, significa menos pão, leite, carne, saúde, educação para o funcionalismo, porque ela representa uma perda do poder aquisitivo.

Então, ao relatarmos o Veto do Sr. Prefeito nós estamos chamando a atenção para estes aspectos. Primeiro, porque é uma Lei para cumprir uma Lei. Uma Lei que vem antes. Uma Lei cujo comando determina que o funcionalismo terá os seus reajustes na razão direta da inflação. E na medida em que o Sr. Prefeito Municipal nega, e o faz através do Veto, ele está retirando o poder aquisitivo dos funcionários. E nós já tivemos, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a oportunidade de dizer que nós esperávamos do Partido dos Trabalhadores um desempenho, poderíamos interrogar determinados desempenhos. Mas, se há uma questão e eu tenho dito, invariavelmente, desta tribuna, se há uma questão que jamais imaginaria que negasse o Partido dos Trabalhadores e a Administração Popular, é na questão do salário, porque é preciso fazer justiça histórica ao PT, na luta dos salários. É preciso fazer justiça, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a grande luta que o PT fez nos Sindicatos com a questão dos salários, ninguém pode ignorar isto. Mas aqui na Prefeitura Municipal de Porto Alegre o PT redefine ideologicamente a sua postura, nega-se a si, nega-se ao seu Programa, nega-se ao seu discurso na medida, vejam bem que não reconhece, aliás, reconhecemos sim, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Administração reconhece mas não quer pagar essa diferença de 25%. Regateia e pechincha, e vejam bem, a Administração pechincha com o funcionalismo a própria sobrevivência que está representada no salário do funcionalismo. Esperava-se mais desempenho do PT na questão do transporte, exemplificativamente, porque faziam um discurso sem fundamento, era pura retórica, sem fundamentos, sem bases, tanto é verdade que diziam que reduziriam a tarifa, que estatizariam o transporte coletivo. Mas na questão salarial tinham histórias: a Administração Popular, o PT, na questão salarial conhecia o problema, tinha história. E não se faz elogios se assim se colocar que o PT vem das lutas salariais.

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós nos indignamos. Tivemos a oportunidade de dizer que o PT perdeu o trem da história, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em chegando ao poder já nos primeiros meses nega ou reexamina a sua grande bandeira, a bandeira de luta, a bandeira dos salários. Pois é na Prefeitura de Porto Alegre, onde o PT tem possibilidade de administrar é que ele questiona a questão do salário, a questão do salário do funcionalismo.

Ora, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, se se tratasse de um aumento, de acrescentar na receita do funcionalismo, absolutamente não. É mera e pura correção inflacionária. Pois mesmo isso, uma parte da correção inflacionária que é devida ao funcionalismo, a Administração Popular não quer pagar. Agora, evidentemente, a Casa vai derrubar o Veto. Nem pode ser diferente. Não há como fundamentar na questão da competência e na questão da constitucionalidade, porque a Lei que estabelece o reajuste foi aprovada em 1988. A mecânica, a forma de reajustamento foi aprovada em 1988, e a Emenda da Casa nada mais representou e nada mais significa do que pedir o cumprimento da Lei Complementar que estabeleceu o Plano de Classificação de Cargos do funcionalismo. Pede apenas o cumprimento. Então, é um instrumento do cumprimento da Lei que o Prefeito Municipal se nega. E haveremos, nem pode ser diferente, de derrubar esse Veto, fazer com que o Prefeito cumpra o reajuste que nada mais é do que a correção da inflação. Muito obrigado

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo): O próximo Vereador inscrito para discutir é o Ver. José Valdir.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Direção dos Sindicatos do Municipários, funcionários. Historicamente os funcionários públicos são mal pagos neste País e desvalorizados. Como também é verdade que ao longo da história as prefeituras foram sendo esmagadas, neste País, por uma política de centralização financeira, uma política que é fruto de todos esses anos de ditadura militar. Eu digo isso porque o que está acontecendo em Porto Alegre é o retrato do que está acontecendo em geral no País. Por isso que, a bem da verdade, é preciso que os Vereadores venham a esta tribuna colocar que esta é uma situação de crise nacional e que prejudica não só a Administração do PT, em Porto Alegre, não só os funcionários, mas todas as Prefeituras do País. Esse dado é importante sob pena de a gente particularizar uma discussão que, para mim,é geral. E essa crise toda que se abate sobre o País ataca os trabalhadores em duas pontas: numa ponta, o funcionalismo que precisa, de fato, de melhores salários; na outra ponta, o conjunto dos trabalhadores da periferia que precisa de determinadas condições para morar dignamente, tais como saneamento, escola, e mais uma série de melhorias em suas vilas que estão, hoje, abandonadas numa periferia que cresce a todo o  momento devido ao êxodo rural. É preciso colocar-se esse quadro e discutir-se essa questão global da Cidade sob pena de se vir aqui fazer algumas demagogias. Para que se consiga mudar a Cidade que temos, para que se consiga atender os trabalhadores, seja enquanto moradores das vilas periféricas, seja enquanto funcionários, uma coisa me parece central e que muitos Vereadores não têm a coragem de abordar, desta tribuna, que é a questão da arrecadação, a questão da receita.

Por isso, eu acho uma incoerência quando alguns Vereadores vêm a esta tribuna, se fazem de defensores do funcionalismo, quando muitos deles tem um passado de arrocho salarial pra cima dos funcionários públicos e que, na hora que se aposta aqui uma média muito simples para sair da crise, que é sobretaxar os grandes proprietários desta Cidade, sobretaxar os vazios urbanos para melhorar a arrecadação da Prefeitura, não tirando do bolso dos trabalhadores, mas dos bolsos dos grandes proprietários desta Cidade, aí esses Vereadores são contra. São contra, como foi o caso, no início do ano, quando o Partido dos Trabalhadores defendeu aqui uma proposta de sobretaxar, ou seja,  apresentar uma tabela para ITBI, que variava de 2% a 5%. Naquele momento, muitos Vereadores que hoje vem aqui defender os trabalhadores, defender os funcionários, para não comprar uma briga com a burguesia desta Cidade em defesa dos trabalhadores, foram contra.

Eu acho muito interessante que se venha aqui, hoje, fazer um discurso demagógico, pois ao mesmo tempo em que não querem se comprometer com a proposta que é de comprometer 98% da arrecadação desta Cidade, os mesmos Vereadores fazem aqui a todo o  momento uma série de reclamatórias exigindo que a Prefeitura resolva problemas históricos de nossa Cidade, e eu cito alguns que eu conheço de perto: a Zona Norte, hoje, está sem uma luminária e essas demandas vem de 2 ou três anos. A minha Vila não vê lâmpada nova a três ou quatro anos. A vila Santa Rosa faz 20 anos e a cada eleição são feitas promessas de substituição da brita pelo calçamento. Na hora que se diz: pois bem, vamos taxar a burguesia, vamos cobrar mais de quem tem mais e cobrar menos de quem tem menos e passar os recursos para a periferia, destinando-os de forma inversamente proporcional à arrecadação, aí os mesmos Vereadores são contra, porque se trata de mexer no bolso da burguesia.

E é por isso que acho um discurso extremamente demagógico, porque quer particularizar a discussão, quando esta discussão é global. E o que os Vereadores, alguns pelo menos, tem medo é que se saia para a periferia dizendo que os Edis desta Casa comprometerão a arrecadação em 98%, sobrando 2% para investir nas vilas populares. Quero que estes Vereadores tenham a coragem de discutir isto com a população. Agora, mesmo nas discussões do Orçamento não apareceram – foram poucos os Vereadores de Oposição que apareceram nas diversas reuniões que estão sendo feitas  nos bairros para discutir esta questão. E não é a nossa tática, Ver. Airto Ferronato. É a tática da Nova República, jogar funcionários contra trabalhadores, esta é a tática do seu Governo que, no início de 1987 comprou espaço na televisão e fez aquela palhaçada em nível nacional que foi a suposta perseguição aos marajás no funcionalismo, porque não existe, achamos que os funcionários são mal pagos. Mas existe uma situação objetiva. Agora, acho muito cara-de-pau pessoas que passaram três anos arrochando o funcionalismo, negarem que houve um aumento real neste período da Administração Popular, embora ainda é insuficiente.

Mas, gostaria que os Vereadores viessem a esta tribuna dizer se são favoráveis ou não da taxação progressiva que se posicionem publicamente a respeito desta questão. Se defendem o funcionalismo, se defendem a periferia da Cidade, que venham aqui dizer a sua posição a respeito desse assunto. Nós vamos voltar a este debate na hora oportuna. Vamos sobretaxar as grandes propriedades, vamos sobretaxar a burguesia? Gostaria que estes Vereadores viessem aqui, de público dizer que se comprometem com esta proposta, porque falar aqui é muito fácil, mas na hora em que as galerias estão vazias são contra este tipo de proposta porque fere os interesses dos privilegiados. Não entendo como determinadas Bancadas possam ser contra, principalmente a auto-intitulada Bancada Socialista do PDT. Então é  muito fácil vir a esta tribuna no dia de  hoje fazer este discurso em defesa do trabalhador e defendem o outro lado. A questão que eu quero colocar para encerrar o meu pronunciamento é que nós entendemos que a manutenção do Veto do Prefeito, que é o Projeto sobre o qual a própria Assembléia dos Municipários tirou posição. Então, é importante que nós mantenhamos e partamos para discutir a nova proposta feita pela Administração Popular. Sou grato.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com  a palavra, o Ver. Dilamar Machado.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu até nutro simpatia pelo Ver. José Valdir, vejo nele uma pessoa de boas intenções, e tenho um profundo respeito pela luta comunitária desse jovem professor e ex-Presidente da Associação de Moradores da Vila Nova Gleba. Agora, o Vereador, hoje, teve uma recaída brutal diante da tribuna, foi lamentável a recaída do Vereador, confundiu tudo fez uma ampla generalizada confusão.

 Em primeiro lugar, Ver. José Valdir, para V. Exª aquilatar até que ponto, a que se chama auto-intitulada Bancada Socialista se comporta nesta Casa, V. Exª tem que se informar melhor dos assuntos aqui tratados. Vamos, em primeiro lugar, colocar a verdade da criação do Imposto de Transição de Bens Imóveis em Porto Alegre, em que momento dessa discussão o PDT se manteve a favor do que V. Exª chama de burguesia? Ao contrário, Vereador, a proposta dos 3% do que hoje se beneficia a Administração Popular do PT foi proposta da Bancada do PDT, plenamente aceitada de braços abertos pelo Prefeito Olívio Dutra, pelo Secretário João Verle e que conosco participou das discussões. Em momento nenhum foi levantada a tal tese de castigar a burguesia. Ver. José Valdir no momento em que o Partido de V. Exª encaminhar a  esta Casa qualquer tipo de Projeto que diga  respeito à melhoria da arrecadação, que venha, efetivamente, penalizar os que ganham mais, aos que tenham praticamente 50% dos vazios urbanos de Porto Alegre, projetos que venham formalizados para esta Casa, V. Exª pode, então, ter uma posição quanto ao comportamento das Bancadas de Oposição. Os dois únicos Projetos que vieram, até hoje, no mês de agosto visando a melhorar a arrecadação de Porto Alegre, foram aprovados pelas Bancadas de Oposição, o que criou o imposto IVVC, os impostos dos combustíveis e o que criou o ITBI.

Agora, vamos à questão do Veto e do Projeto. Historicamente nós estamos, hoje, dando seqüência a um processo político da Casa, que visava pura e simplesmente, sem demagogia, sem pressionar a Administração, sem querer colocar contra a parede o Parido dos Trabalhadores, visava pura e simplesmente o cumprimento da Lei. Não fomos nós do PDT, não foram os Vereadores do PTB, nem do PDS, nem do PFL, nem do PMDB, mas sim o próprio Prefeito Olívio Dutra, e eu acho até que em um ato digno, se pode até acreditar, em termos de análise, da Administração do PT, que o Prefeito Olívio Dutra não está fazendo aquilo que a Cidade esperava, mas não se pode tirar do Sr. Olívio Dutra sua condição de homem íntegro, de um homem correto diante de sua consciência, de um homem de origem humilde. E foi o Prefeito Olívio Dutra que reconheceu, formalmente, através de ofício encaminhado a esta Casa, o direito de seus funcionários de perceberem os 76% de majoração. Quando  nós votamos aquele Projeto que originalmente era de 20% e que depois de um longo debate se transformou em 40 e poucos por cento, através de pagamentos parcelados, pois naquele momento é que o Prefeito Olívio Dutra, a Bancada do Partido dos Trabalhadores, assumiram junto com a Oposição da Casa um compromisso de pagar os 25% ainda no corrente exercício, no ano de 1989 e nós aguardaríamos, então, o envio do Projeto onde ficaria dito como e quando o Prefeito pagaria. E V. Exª há de lembrar, o Projeto que veio para pagar em janeiro se 1990, se a arrecadação e a despesa não tivesse uma relação, se não me engano, na época, de 80%. Plenamente rejeitado pela Casa, retirado pelo Prefeito e voltou um novo Projeto, o último que votamos do aumento do funcionalismo e houve um silencio absoluto com relação ao pagamento dos 25%. Entenderam os Vereadores da Casa de fazer a Emenda de Liderança para que o Prefeito pagasse no mês de agosto o restante de 25%.

 

O Sr. Omar Ferri: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas para esclarecer, quero dizer que apresentei uma Emenda, parcelando o pagamento dos 25% em três vezes.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: É verdade. De qualquer forma o Ver. Omar Ferri deu sua colaboração também, mas a composição política da Casa, por sua maioria esmagadora, entendeu de aprovar a Emenda que determina o pagamento no mês de agosto. É verdade que o Prefeito agora encaminha um novo Projeto, para pagar no mês de agosto os 25%, criando o critério das majorações mensais. Esta matéria foi à análise do Sindicato dos Municipários e, indiscutivelmente, a Casa a estuda, através de suas Bancadas e é uma questão para outro momento. Acredito, pelo dinamismo da Câmara de Vereadores, que na quarta-feira já estejamos votando esse Projeto do Executivo, que visa a consolidar o pagamento dos 25% e cria novos mecanismos, alguns já rejeitados pelo Sindicato da categoria. Não estamos aqui votando algo que diz respeito a toda a Cidade, mas sim algo que diz respeito à categoria dos funcionários municipais. Agora, não vejo como ligar uma coisa com a outra. O que vamos votar, hoje, é o Veto do Sr. Prefeito e vamos derrubá-lo por uma questão técnica. A Casa tem a maioria Oposicionista, as Bancadas de Oposição são amplamente majoritárias e há uma decisão das Oposições de derrubar o Veto aposto pelo Prefeito a nossa Emenda. Derrubado o Veto, Ver. José Valdir, vamos para a análise do Projeto que o Prefeito mandou e vamos votá-lo, na próxima quarta-feira, provavelmente, não impedindo que antes disto tenhamos todo o tipo de conversa, negociação com o próprio Prefeito, com o Secretário da Fazenda, com o Sindicato da categoria, com as Bancadas da Casa. Eu só quero colocar esta posição para o nobre, jovem e brilhante Vereador do PT para que não cometa com seus companheiros de luta política a indelicadeza de dizer que estamos aqui fazendo demagogia.

Em primeiro lugar, Vereador, demagogo na verdadeira acepção do grego é aquele que engana o povo. Enganar o povo não é propósito nosso. O povo, às vezes, se engana, é verdade. E se engana feio e se arrepende durante quatro anos. Mas isto é uma outra questão, não é a questão em debate, hoje. Nós não estamos aqui para enganar ninguém. Eu tenho até uma situação muito peculiar e muito singular neste debate. Em tese, eu estaria aqui até laborando em causa própria, porque se não sou o único, sou um dos únicos Vereadores da Casa que é funcionário Público do Município, do quadro de funcionários do Município. Só que eu já tenho tempo suficiente para a minha aposentadoria, vou procurar os companheiros do PT para ver o meu tempo de serviço e me aposentar enquanto Vereador. Mas, enquanto estou aqui, me considero como representante dos meus colegas e eles, funcionários públicos do Município, aqueles que, efetivamente, durante a Administração do PDT participaram, inclusive, das três greves decretadas contra o Prefeito Collares, sabe muito bem como era o nosso comportamento e como nós, do Partido, aqueles que integram os quadros dirigentes da Administração do PDT, como nós procurávamos, junto ao Prefeito, todos os meio possíveis para satisfazer às necessidades dos funcionários públicos. E nunca negamos que o funcionalismo do Município de Porto Alegre ganhava e ganha mal. Eu sei que para o Prefeito Olívio, e para qualquer Prefeito da Cidade, é muito duro, é muito difícil administrar com pouco recurso, querendo pagar bem e não podendo pagar.  O que eu quero apenas, Ver. José Valdir, não cobro o problema do discurso do PT, indiscutivelmente o Partido dos Trabalhadores é um Partido acima de suspeita na luta salarial, na luta popular, eu apenas gostaria que V. Exas. viessem aqui, se for o caso, dizendo: nós queremos pagar. Mas não temos, mas não acusem os seus companheiros que buscam para esse segmento da sociedade Porto-alegrense melhores condições de salários.

Mas é evidente que nós queremos também, Vereador, que o apoio da Administração chegue às vilas populares, e só para iluminar a inteligência e a memória de V. Exª, busque nos seus arquivos, implacáveis, como V. Exª diz, o numero de luminárias, de lâmpadas que o jovem Ver. Wilton Araújo, então Secretário da SMOV, sob a coordenação deste não tão jovem Vereador, então coordenador do mutirão das vilas populares, quantas lâmpadas nós colocamos lá. Ou então, roubaram as lâmpadas, Vereador. Se não botaram mais nenhuma, não sei, mas nós deixamos algumas centenas de lâmpadas, especialmente nas vilas citadas: Nova Gleba e Vila Santa Rosa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. José Alvarenga.

 

O SR. JOSÉ ALVARENGA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, companheiros municipários que assistem a nossa Sessão, hoje, estamos discutindo o Veto do Sr. Prefeito Municipal ao Artigo que determinava o pagamento, em agosto, de 25,73% sobre o salário de julho, aos servidores municipais. O Prefeito Olívio Dutra já encaminhou a esta Casa outros Projetos em que reconhece a justeza desta reivindicação, reconhece a legitimidade, portanto, da luta dos companheiros municipários e, inclusive, estabelece a reposição mensal das perdas salariais sofridas pela categoria. Toda a discussão se dá, exatamente, porque estas duas concessões do Prefeito – o pagamento dos 25% e a mensalidade – estão ligadas a um conceito de despesa com pessoal que é questionada por várias Bancadas e, fundamentalmente, pela categoria dos municipários e, principalmente, pelo questionamento a um teto estabelecido também pelo Sr. Prefeito, de 98% sobre a receita do Município. Este Projeto, que estabelece a mensalidade dos 25%, apesar destes dois pontos questionáveis que foram mencionados, significou uma concessão do Prefeito à mobilização dos trabalhadores. O Prefeito Olívio Dutra, diante da organização, diante da mobilização e da pressão exercida pelo servidor público municipal, que na semana passada realizou duas assembléias, uma, dos colegas do DMAE, e outra de todos os municipários, cedeu à pressão dos trabalhadores. Este é o primeiro registro que faço. Portanto, está de parabéns a categoria municipária, está de parabéns o Sindicato, que souberam defender os interesses da categoria, mobilizando e o fazendo o Prefeito voltar atrás. A categoria, na assembléia de quinta-feira, rejeitou o teto de 98%, e o Ver. João Dib e eu estávamos presentes na assembléia, e vários companheiros que estão nas galerias estavam lá também, e os servidores municipais não discutir se o seu aumento bateria nos 98%, ou não. Os servidores municipais rejeitaram a estipulação desse teto, como sempre rejeitaram os trabalhadores do serviço público estadual, como também rejeitamos nós servidores públicos federais, como rejeita qualquer trabalhador da empresa privada. Essa foi a posição dos companheiros. E por que os servidores municipais rejeitaram? Porque condicionar o pagamento dos trabalhadores a percentuais da receita significa dizer que os salários dos municipários são os responsáveis  pelo problema que a Administração Popular, a Prefeitura, diria pelo meu Partido, enfrenta. Aceitar como correta a fixação dos 98% como teto significa aceitar a idéia de que se estabelecendo os limites para pagamento dos trabalhadores, se resolverá os problemas das administrações, em qualquer âmbito deste País. E isso não é verdade, e todos os Vereadores desta Casa sabem disso, e o meu Partido, mais do que qualquer outro partido, sabe disso, pois dirigiu a luta dos funcionários públicos, a luta dos trabalhadores na empresa privada, desmistificando essa idéia.

Então, considero um erro a Prefeitura, um erro do Prefeito Olívio, estabelecer esse limite, e um erro também da Administração do meu Partido. Acho, inclusive, que esta decisão contradita com a tradição do meu Partido, a tradição do PT, ao divulgar pela imprensa essa idéia. Qualquer militante do nosso Partido sabe disso e luta contra isto. Mas como é que nós podemos resolver este problema? É verdade que a Prefeitura enfrenta graves problemas financeiros, ninguém nega isto. E é verdade que não vai ser através do rebaixamento de salários, porque só pode ter esta compreensão, esta conseqüência ao estabelecer limites para o pagamento de salários. Não pode ter outra. Não é por aí que vamos resolver os problemas. Por onde vamos resolver?  Em primeiro lugar, esta discussão tem que amadurecer no seio dos companheiros municipários e no seio da população de Porto Alegre: é através da progressividade dos impostos, e aí, aos companheiros municipários, quando nós estabelecemos as alíquotas, as faixas percentuais de cobrança de imposto, do ITBI, a proposta da Administração Popular, a proposta correta que atendia e que correspondia à tradição do PT; estabelecia faixas, dependendo do valor do negócio. E todos sabem que os trabalhadores quando negociam ou vendem propriedades a preços muito baixos, enquanto há senhores que vendem mansões e que especulam no mercado imobiliário e que ganham muito dinheiro nisto. E a nossa proposta estabelecia uma escala, de forma que os que ganham mais dinheiro, os ricos e os poderosos, pagariam mais impostos. Esta proposta sofreu a oposição de várias Bancadas desta Câmara como a Bancada do PDT, por exemplo. E, infelizmente, nós não podemos aprovar esta progressividade nos impostos. A sobretaxação dos impostos sobre os grandes empresários. Isto nós vamos discutir agora. É importante que os companheiros discutam também nas suas assembléias. Esta é uma forma de conseguir mais recursos para que a Prefeitura possa honrar os compromissos que tem com a população dessa Cidade. E nem isso, companheiros, e nem isso pode garantir que a prefeitura supere a crise que enfrenta, porque a superação da crise não a da Prefeitura de Porto Alegre, mas como muito bem disse o companheiro José Valdir, esses problemas só vão ser superados no plano nacional quando realmente se executar um plano econômico que interesse aos trabalhadores, que passa pelo não-pagamento da dívida externa, pelo não-pagamento da dívida interna aos grandes credores da Nação a Reforma Agrária sob controle dos trabalhadores, a estatização do sistema financeiro, só ai é que nós vamos poder, realmente, resolver os problemas não só do País, mas também das Prefeituras.

Finalmente nós queremos alertar os companheiros que essas propostas todas que nós mencionamos vão ter forte Oposição nesta Casa, e aí é que os Partidos vão mostrar a sua verdadeira face. As Partidos que arrocharam os salários durante as suas Administrações e que, agora, vêm bancar os bonzinhos, vêm dizer que são a favor, aí é que eles vão mostrar a sua verdadeira face, que vão se opor a essas medidas. Esse plano econômico dos trabalhadores tem que ter o apoio dos trabalhadores e da Prefeitura de Porto Alegre, a nossa Prefeitura tem que chamar a mobilização dos trabalhadores em defesa desse plano econômico. É por esses motivos que eu renovo a intervenção que fiz quando votei a favor da Emenda das Lideranças. Hoje, votarei a favor da liberação da Assembléia vou votar contra o Veto do Prefeito, vou reafirmar a Emenda das Lideranças, mas chamo a atenção dos companheiros que permaneçam vigilantes na sua luta, vigilantes nas suas reivindicações e que procurem examinar com lupa a posição dos Partidos nesta Casa, porque muitas vezes ela não passa de demagogia no termo, inclusive, definido pelo Ver. Dilamar Machado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Nós não estaríamos discutindo isto aqui, hoje, como está se fazendo, se em março, respondendo a uma Questão de Ordem por mim formulada, a Comissão de Justiça, através de seu Presidente que relatou e que aqui defendeu a validade da Lei nº 6.308, tivesse respondido que a LC 186 era auto-aplicável e que o reajuste do funcionalismo não teria nenhum problema. O Prefeito tinha apenas que cumprir a Lei, e eu dizia claramente, se ele quisesse dar a mais do que o IPC, evidentemente, ele teria que mandar um Projeto de Lei; se quisesse dar menos, ele teria que mandar um Projeto de Lei alterando o existente. Não foi feito isto, mas o Prefeito veta, agora, a Emenda das Lideranças, e veta a Emenda das Lideranças dizendo que “a matéria apresentada apresenta inequívoco vício de origem o qual o Legislativo, fugindo a sua competência constitucional, cria despesas. O Executivo tem competência privada para propor Projeto de Lei que regula aumento do funcionalismo, o que do ponto de vista jurídico e administrativo é prerrogativa do qual não pode abrir mão”. Realmente, é uma prerrogativa do Executivo desde que não haja uma Lei determinando, Lei esta que o Prefeito Olívio Dutra, no mês de maio, reconheceu na Exposição de Motivos que fazia para encaminhar o reajuste do 13º para o funcionalismo, que a Lei era auto-aplicável. Mas por cautela, por preciosismo jurídico o Prefeito encaminhava à consideração da Casa o reajuste do funcionalismo. Dizia ele, claramente, com todas as letras - é apenas pegar o processo – de que a Lei era auto-aplicável.

Portanto, não é inconstitucional o posicionamento da Câmara quando, através de suas Lideranças, fixou um prazo, já que anteriormente o Prefeito também reconhecia que deveria pagar os 25,73% e encaminhou um Projeto que teve o repúdio de grande maioria dos Vereadores, teve repúdio da totalidade dos servidores municipais. Então, ele tinha que mandar um novo, e agora, nesta semana que passou, às 14 horas na quarta-feira, ingressou aqui – nós alertamos de que havia necessidade de ser modificado o Projeto de Lei porque deveria ser Lei Complementar a fazer a modificação – então eu acho que a rejeição ou aceitação do Veto é uma decisão nossa e a rejeição do Veto não é inconstitucional, no entendimento deste Vereador, que é Engenheiro, mas que hoje ficou muito contente que o Vereador Presidente da Comissão de Justiça, relatando à Questão de Ordem, dizia que este Vereador não tinha razão, hoje diz que tem, é um registro que faço. É um entendimento que tenho e que deverá ser razão de tranqüilidade até do Ver. Alvarenga, que vai votar contrariamente ao seu Partido, mas a sua consciência vai ficar tranqüila, porque não é inconstitucional no entendimento deste Vereador.

Também queria dizer ao Ver. José Valdir, que não está aqui e que falou tanto em demagogia, que eu nunca fiz promessa a ninguém. Administrei vários setores desta Cidade, administrei toda a Cidade, e lá na Vila do Ver. José Valdir, eu urbanizei a Vila Nova Santa Rosa para 1.300 famílias. Água, luz, esgoto, iluminação, tudo sem que tivesse havido promessa. E assim como essas, outras coisas aconteceram, então é por isso que de repente eu me aborreço quando o jovem Ver. Alvarenga também vem falar em demagogia e dizer como deve ser feito, e lembrar fatos aqui ocorridos como o caso do ITBI, que o Ver. Dilamar Machado colocou muito bem. A Administração tinha pedido 2%. Depois, numa reunião de Liderança, por proposição do PDT, precisamente do Ver. Dilamar Machado se propôs 3%, tiraram aquela outra parte que taxava progressivamente o imposto de Transição.

 

O Sr. Flávio Koutzii: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, eu apenas gostaria de dizer, como participei desses debates, e eu diria dessas negociações, que a crônica que tenho é diferente. Nós apresentamos uma proposta escalonada entre 2 e 5% e, como é próprio da Casa, percebemos que não havia possibilidade de passar esse Projeto, então negociamos e, aí sim, o Ver. Dilamar Machado teve uma participação muito importante, porque conseguiu que uma parte de sua Bancada – e só uma parte dela – aceitasse que para  compensar a rejeição da proposta fazíamos, pelo menos a cedesse a 3% e não a 2%.

 

O SR. JOÃO DIB: Correto. É que tinha ficado definido que seriam só 2%, que não haveria a progressão, eu me expressei mal, V. Exª tem razão. Mas, aí o PDT, através do Ver. Dilamar Machado, propôs os 3% e o Secretário da Fazenda já fez a conta na mesma hora e dava CZ$ 810.000,00. Eu lembro bem até o número porque o PDS queria 2,5%, mas o PDT tinha 3% e nós achamos que fosse 6%. Mas queria dizer que tinha uma taxação progressiva para as áreas não construídas. Impostos para terrenos não construídos varia de 1.2 até 6%. Pode ser aprimorado sem dúvida nenhuma. Podem novas zonas fiscais serem criadas na Cidade e nós podemos colaborar enormemente nisso, mas já há uma progressão, nenhuma das Administrações que passou deixou tão descuidado. Na verdade o valor venal dos imóveis, isto sim, eu diria que tem sido relegado a plano secundário, mas é porque as Administrações também se preocupavam com aquele que aluga e que tem que pagar. Também é possível que num estudo onde os 33 Vereadores se dediquem, mas os servidores estão sempre atentos e prontos e nós encontramos soluções novas, mas é aquilo que eu dizia: a Administração vai discutir com a comunidade – e aí eu diria que é demagogia – para que através de conversa e mais conversa para que, aumentando os impostos, já com a concordância da população que visualizava obras que provavelmente não sejam realizadas nós tenhamos aqui na Câmara apenas a missão de concordar com as alíquotas que serão alteradas, o que, aliás, de resto vem assinado pelo Ver. João Verle, Secretário da Fazenda, pelo menos no meu documento está, inclusive parte do Diário Oficial do Estado, e é claro que vem lá de Fortaleza algumas informações, mas todas dizendo que tem que criar contribuição de melhoria, tem que aumentar IPTU, tem que aumentar a taxa do lixo.

Então, o Povo de Porto Alegre que se prepare para novos impostos, enquanto os servidores municipais que não recebem os 98% nem no primeiro mês deste ano, quando chegamos à conclusão que era 65%, mas daí se incluía DMAE, DEMHAB, então realmente o servidor fica pressionado perante a população como quem recebe 98% e deixa 2% para administrar a Cidade. Esta é a tristeza que eu levo porque eu sou um servidor como os demais que aí estão. Nunca se pagaram os 98%, e nem os 107% como o Prefeito disse no início do ano. Nunca pagou isso. Isto foi dito desde o mês de janeiro, repetimos em fevereiro, levantamos dados, trouxemos números e ficou tudo por isso mesmo. Agora, a população de Porto Alegre há de pensar que os servidores municipais, que servem  bem a esta Cidade que custa 98%  da arrecadação. E nunca vi apresentar balancete assim, na coluna da receita um valor, na coluna da despesa outro valor diferente. Todos os balancetes que vi na minha vida as duas colunas são iguais, dizendo até onde está o banco, enfim, em algum lugar está o dinheiro. Se fizesse as contas veríamos, tranqüilamente, que posso apostar o meu salário como o Prefeito não paga 90%, e agora vou melhorar a minha oferta, fico em 80%. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito é o Ver. João Motta.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Companheiros do sindicato, Prezados Municipários. Tenho entendimento diferente de alguns Vereadores que me antecederam na tribuna nestes debates. Acho que estamos discutindo, aqui, dois temas centrais. Não é perfil do PT, não é perfil de quem é mais Oposição, estamos aqui discutindo o tema da democratização dos serviços e dos investimentos públicos. Portanto, há divergência, sim. Vou tentar aprofundá-las nesses dez minutos. Mas, gostaria de fazer esta advertência nessa discussão, nós estamos aqui o discutindo este tema.

Gostaria de iniciar essa discussão contrapondo a vários Vereadores que se contrapuseram ao PT, que ele esqueceu o seu perfil de Partido Oposicionista e de compromisso com os trabalhadores, ou se o PT está sugerindo ou propondo que os trabalhadores paguem a crise, contrapor o seguinte: quem é aqui, dos 33 Vereadores e dos funcionários públicos que estão presentes nesta Sessão que tem dúvida ou que são contra a construção do Parque da Zona Norte, a ampliação e a reforma do Pronto Socorro Municipal e a reforma total e ampla na sinalização de trânsito da Cidade. Quem é contra a isso? Existirá algum funcionário público municipal que é contra essas medidas? Pois é exatamente isso, digno Presidente do Sindicato dos Municipários, trata-se de nós aqui termos um entendimento de que, para viabilizar essas medidas concretas e objetivas neste semestre, e essa é a proposta da Administração Popular, reformar sim o Pronto Socorro, iniciar, senão concluir o Parque da Zona Norte e fazer reforma de sinalização de trânsito, significa viabilizar isso concretamente, mas sem levantar ou se colocar ou ter dúvidas com esse entendimento equivocado que se tem com a democratização dos serviços e investimentos públicos. Pois nós achamos que administrar a Cidade, hoje, é administrar, inclusive, os direitos dos próprios funcionários públicos municipais, significa em primeiro lugar responder a isso, como viabilizar a democratização do dinheiro público? Será gastando 98% da receita, ou 80%? Eu digo mais, será utilizando 70%, o que sobraria, 30%? Será que esta Cidade merece só 30% em investimentos? É isso que nós temos que responder nesses debates. E para mim essa Cidade merece muito mais que 30%, do que 20%, a Constituição pré-determina 45%, quando ela impõe, fixa em 65%. Pois mesmo nós tendo divergências com relação às fontes, receitas referências sobre totalização da Receita do Município, o que se quer aqui não é jogar o ônus da crise sobre os ombros dos funcionários públicos municipais, não é´nada disso. O que se querem aqui não é dar uma demonstração de que o PT abandonou o seu programa ou esqueceu seu perfil. O que se quer aqui, objetivamente, é equacionar isso como, democratizar os serviços e os investimentos públicos de tal forma que os interesses da Cidade sejam resguardados e protegidos porque a Cidade merece isso, ou alguém tem dúvida com relação a isso, no sentido de não deixar refém toda a Cidade, não é só a Administração, mas toda a Cidade restrita a um determinado tipo de interesse particular. E quando se fala aqui no limitador, e neste perfil de investimentos, se quer dizer exatamente isso, que ao se propor esse limitador e ao se propor esse perfil de investimento, nós estamos, sim, dizendo e essa nota diz, e essa nota fez com que esta informação chegasse ao conjunto da sociedade civil estamos dizendo que não iremos administrar esta Cidade prendendo a receita do Município até mesmo aos justos interesses do próprio funcionalismo municipal, é isto que estamos tentando afirmar.

Portanto, ao dizermos isto estamos dizendo que ao administrarmos as finanças do Município de Porto Alegre, hoje, é sim garantir os direitos do funcionalismo e o que é o Projeto envido pelo Executivo se não a garantia dos direitos do funcionalismo, que garante os 25%, inclusive, do resíduo. É também garantir junto com isto os direitos de todos aqueles que também moram  e vivem nessa Cidade e que tem o direito de usufruir do serviço público, inclusive, muitos deles, milhares pagam impostos.

Portanto, estamos discutindo esse chamado perfil de investimento, e o que estamos tentando dizer é que, se equacionarmos isso, não haverá Parque na Zona Norte, não haverá reforma no HPS, não haverá reforma na sinalização da Cidade. E quem quer isso? Quem defende isso, aqui? O Sr. Prefeito Olívio Dutra? Quem propõe isso? A postura dos Srs. Vereadores que aqui estão sugerindo a derrubada do Veto têm um efeito lógico, isso ficou visível, aqui, nas intervenções. Qual o efeito? É não aceitarmos limitador e propor um outro perfil de investimentos. A lógica desse outro perfil de investimentos é exatamente aquilo que ficou visível, aqui, na intervenção e nos pronunciamentos de vários Srs. Vereadores de que é possível gerir os investimentos públicos determinando que as somas, todos, a grande maioria do dinheiro público, seja determinado, pré-destinado por um setor da Cidade, mas esta é uma lógica que corta na raiz a democratização, a democracia da aplicação das verbas ao  Município.

Portanto, é isso que estamos aqui discutindo. Os Vereadores porque propõe a derrubada do Veto e não aceitam o limitador, estão fundamentando sua posição numa visão antidemocrática de gerir o chamado dinheiro público. É isto que tem que ficar claro nesta discussão. Outra conseqüência disso é legitimar – chamo a atenção, inclusive, dos nossos ilustres dirigentes do Sindicato dos Municipários – e que ao assumirmos esta posição, estamos legitimando a chamada ordem natural das coisas. É óbvio isso, ou seja, não democratizar a destinação do dinheiro público e não democratizar o chamado serviço público fazendo com que o conjunto da Cidade que tem acesso a ele está mantendo esse mesmo perfil conservador de Administração, cuja última Administração foi o retrato disto. Ou nós temos aqui algum tipo de dúvida de que o perfil da Administração anterior, dirigida pelo ilustre ex-Prefeito Alceu Collares, foi um perfil conservador de Administração? Pergunto isto aqui e peço ao Ver. Vieira da Cunha, que vai me suceder, me responda isto: onde que a Administração anterior reverteu o perfil de investimento público aqui no nosso Município? Onde os grandes interesses que hegemonizam a sociedade capitalista no nosso País e nesta Cidade, tiveram os seus grandes interesses mediados com o interesse comum? Assim, nós até poderíamos propor um limitador de 80 e até 70%, mas volto a enfatizar: a Cidade no meu entendimento merece mais do que isto. Todos que vivem nesta Cidade merecem mais do que isto.

Para concluir, gostaria de contrapor ao Ver. Ferronato uma pequena lembrança, que acho já deveria ter arejado nossos pensamentos, na medida em que esse assunto já foi tema de várias outras discussões sobre outros orçamentos. Aqui parece haver um consenso entre nós de que o caos financeiro do Município é estrutural, devido a crise financeira do Município, porque há hoje no País, não obstante a aprovação da nova Constituição, um processo de hiper centralização das receitas de impostos da União. Portanto, não dá para trabalhar aqui com esta lógica. V. Exª disse o seguinte: que o Município deve, hoje, gastar – em outra palavra que V. Exª disse – toda a receita do Município para garantir os direitos do funcionalismo público municipal.

 

O Sr. Airto Ferronato: V. Exª está equivocado.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Eu vou lhe mostrar nos Anais que V. Exª não se deu conta do que afirmou.

Para concluir, eu diria que o processo mais adequado para fazer esta definição seria nós termos aqui, presentes neste Plenário, o conjunto das entidades civis representativas da sociedade para elas também pensarem e refletirem sobre esta chamada democratização do dinheiro público. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Vieira da Cunha.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Direção do Sindicato dos Municipários, servidores públicos que nos honram com a sua presença na Sessão de hoje. Em primeiro lugar, quero rapidamente responder ao Ver. João Motta. Rapidamente, porque, no fundo, ele já sabe de tudo isso e não faz, aqui da tribuna, mais do que o exercício de retórica para tentar desmerecer o caráter democrático que teve a Administração do PDT na Cidade.

Enquanto a autodenominada Administração Popular coloca a questão da discussão do orçamento como uma medida de democracia popular, de participação do povo no Governo, que diz Administração Popular, não ter precedentes no âmbito da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, nós respondemos dizendo que muito mais importante que a discussão do orçamento público – não negamos a importância, inclusive tivemos a oportunidade de saudar o caráter democrático dessa discussão – mas muito mais importante e muito mais fundamental que isso é na hora de aplicar os recursos, consultar e deixar que a comunidade, através de sua associação de moradores, decida sobre a aplicação desses recursos. E isto o Prefeito Alceu Collares fez em Porto Alegre. Estão aqui várias testemunhas e, inclusive, alguns representantes da Bancada Petista como o Ver. José Valdir, Líder Comunitário, o Ver. Heriberto Back, Líder Comunitário, e o Ver. Dilamar Machado que coordenava estes mutirões e estas assembléias populares.

Então, Ver. João Motta, é inegável o caráter de participação, de dedicação do povo no nosso Governo, em Porto Alegre. Mas eu quero me ater à discussão e só fiz esta introdução para não deixar o Ver. João Motta sem respostas e para dizer que ele também se equivoca, quando coloca que nós, que estamos defendendo, da tribuna, a derrubada do Veto, na verdade não estamos é aceitando um limitador para as despesas do pessoal da Prefeitura. Não é verdade, porque a questão não é a do limitador. A questão deste Veto é o cumprimento da Lei pelo Sr. Prefeito. Existe Lei, Ver. João Motta, que o Prefeito tem obrigação de conhecer, que manda que pague, de dois em dois meses, de acordo com o índice oficial da inflação. E é o próprio Prefeito que reconhece, ele mesmo que disse que encaminharia a esta Casa um Projeto de Lei, em 60 dias, para dizer como e quando pagaria o resíduo. Encaminhou e retirou em seguida. E, depois, vetou a nossa Emenda, dizendo que, dentro de alguns dias, encaminharia um Projeto. Pois ele não cumpriu nem a Lei da bimestralidade, nem o prazo daquele Projeto de Lei. E, agora, manda para cá um Projeto que, aparentemente, é um avanço, mas, na verdade, por trás destes reajustes mensais e o pagamento do resíduo em agosto, pode estar um retrocesso inaceitável para os municipários. É por isso que vou discordar, frontalmente, do Ver. João Dib, quando diz que os servidores demonstraram que tinham  medo da limitação dos 98%, quando ele diz que Assembléia do Municipários endossou a posição da Administração Popular. Não é questão de medo, Ver. João Dib. A questão é que a Assembléia agiu muito bem ao não abrir mão de direitos adquiridos, ao não embarcar numa canoa furada. E por que é que eu digo que é embarcar em uma canoa furada? Porque não é o Ver. João Dib que vai dizer quando bater o gongo dos 98%, muito menos os municipários. Quem vai dizer quando é que este limitador vai aparecer é este Projeto de Lei que o Prefeito Olívio Dutra manda à Câmara, com os seus critérios muito discutíveis. Vejam o que diz o parágrafo único, do art. 3º, Ver. João Motta, “Em obediência ao disposto não artigo tal, da Constituição, a despesa com pessoal total não poderá exceder, no ano de 1989, a 98% da receita total”. E agora chamo a atenção de V. Exª, conforme o especificado no artigo 5º da presente Lei.

Então, não é a Lei Federal, a Lei nº 4.320 que vai dizer o que é despesa de pessoal, mas o art. 5º do Projeto de Lei. E o que diz o art. 5º do Projeto de Lei? O art. 5º do Projeto de Lei inclui receitas correntes das autarquias do DMLU e DEMHAB, extinguiram o DMAE, o DMAE não existe mais na Prefeitura de Porto Alegre, só DMLU e DEMHAB; inclui receitas correntes da FESC, quando se sabe que são absolutamente desprezíveis, e inclui, também, os serviços de terceiros, quando fala no convênio da Carris. Como é que os municipários vão aceitar critérios que não tem nada a ver com a realidade legal? São critérios do Executivo, sobre os quais eles não têm ingerência alguma. Vamos ver então, qual é a ingerência do Sindicato dos Municipários nesse processo todo? Aliás, Ver. João Motta, V. Exª é advogado e sabe muito bem que se o Prefeito quisesse atuar, segundo os critérios legais ele não precisaria estar aqui detalhando e definindo o que é despesa de pessoal, receita corrente. Isto já está previsto, o Ver. Airto Ferronato, veio a esta tribuna, é fiscal do ICM, tem conhecimento da causa, e já disse que a Lei nº 4.320 define tudo. Porque haveria o Sr. Prefeito de detalhar tanto o critério  do que entende como despesa de pessoal, se não fosse para dizer algo de diferente do que a Lei já consagra?

Então, Ver. Dib, eu não acho que a assembléia dos municipários, de forma alguma, agiu com medo nesse processo todo. Foi isso sim, uma defesa corajosa de direitos adquiridos que os municipários já tem, e dos quais não podem abrir mão. Existe uma Lei em vigor que garante aos municipários a correção bimestral, e V. Exª defende, inclusive, a automaticidade desse reajuste. Como é que poderiam abrir mão dessa conquista? E vejam, o Sr. Prefeito, no seu Projeto, fala do Sindicato, fala sim, no art. 6º, para dizer o seguinte: “É facultado ao SIMPA designar um representante para acompanhar a elaboração dos demonstrativos referidos nos artigos 4º e 5º desta Lei”. O Sindicato pode acompanhar os demonstrativos.

Em nenhum momento está dito aqui que o Sindicato pode discutir os critérios, que pode impugnar. Não, ele pode acompanhar os demonstrativos do Executivo. Vejam que não se dá ao Sindicato poder nenhum. Não se reconhece no Sindicato o poder de influir nestes cálculos. Os critérios são os critérios do Executivo, do Sr. Prefeito e de sua assessoria técnica.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, V. Exª está demonstrando que também tem medo dos 98% e está tentando desconhecer a capacidade desta Casa de modificar um Projeto de Lei. V. Exª está elaborando todo o seu discurso em cima um Projeto de Lei que nós poderíamos modificar todo.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Não, Ver. João Dib, eu não tenho medo dos 98%. Os funcionários não têm medo dos 98%. O que nós não admitimos – Ver. João Dib – é que o Executivo possa, a seu bel prazer, alterar critérios que já são definidos em Lei Federal. A Lei nº 4.320 é clara quando diz o que é despesa pessoal, agora vem o Executivo com um Projeto de Lei Ordinária para dizer o que é despesa com pessoal, não incluindo o DMAE, incluindo o convênio com a Carris, incluindo a receita da FESC, quando a gente sabe que é desprezível. Como é que os municipários podem aceitar isto? Então, o que – aparentemente – seria um avanço, quem lê o Projeto é um avanço: vão limitar 98%, só vai restar 2% ao Prefeito. Nós vamos passar a ter reajustes mensais, de acordo com a inflação e vamos receber o resíduo em agosto. Belíssimo, é um avanço. Os municipários tinham que agradecer ao Prefeito, se não tivesse por trás de tudo isso, isto que o Ver. João Motta chama de limitador e sobre o qual os municipários não vão ter ingerência alguma. Serão os critérios do Executivo, fixados por ele.

Então, não nos resta outra alternativa. Aliás, é o próprio Prefeito, Ver. João Motta, na sua nota que diz: “O Projeto enviado à Câmara é uma totalidade, por isso a Administração Popular só o assume na íntegra, já que atende as principais reivindicações dos funcionários e os atendimentos das necessidades mínimas da população”.

Portanto, o Sr. Prefeito mesmo nos deu o caminho, não nos deu outra alternativa senão a de derrubar o Veto, porque imaginemos que nós aceitássemos o Veto e continuasse o impasse entre os funcionários e o Executivo Municipal, o Sr. Prefeito certamente retiraria o Projeto e aí os funcionários ficariam sem absolutamente nada, sem reajuste mensal, sem reajuste bimestral, sem resíduo, sem nada, nós preferimos derrubar o Veto,  Ver. João Motta, fazer com que o Prefeito cumpra a sua obrigação, cumpra a Lei e pague os resíduos de 25,73%, aos municipários. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): Próximo orador inscrito para a discussão do Veto é o Ver. Décio Schauren.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, companheiro municipários. O Ver. Vieira da Cunha veio à tribuna e conseguiu diversar bastante, porque no final não disse se ele concorda que haja uma limitação de 98%, ou não. E disse, inclusive, que a questão não é o limitador, são direitos adquiridos, que é isso que está em jogo. Ora, se é isso que está em jogo, felizmente que isso não acontece na Administração do Prefeito Collares, porque eu duvido que o Prefeito tivesse reconhecido a diferença entre a inflação oficial e o IPC. Duvido porque arrochou os salários, durante os três anos que esteve o Governo Municipal, tanto que as perdas chegaram em torno de 59% a perda real do funcionalismo, eu acho que todos os companheiros funcionários que estão aí sabem muito claramente disso.

Então, a Administração do PT não tem nada a dever para o PDT nesse caso, e infelizmente a Administração Popular reconheceu a diferença porque tem um compromisso com a classe trabalhadora, tem uma história de compromisso e vai pagar como já mandou o Projeto para essa Casa. E eu quero colocar outro ponto quando o Ver. Elói Guimarães vem a essa tribuna e diz que o PT arrocha salários, que esqueceu o seu perfil de defesa dos trabalhares, eu acho que a maior prova que o PT tem compromisso com os trabalhadores é exatamente ter reconhecido uma diferença que talvez nenhum outro Governo reconhece. E vai pagar. Quero dizer que no período de novembro de 1988 a julho de 1989, a inflação foi de 480.10%. Dentro do período da Administração Popular o menor reajuste foi de 574,12%, sendo que o maior foi de 1.150,43%.

Então, não estamos nada a dever para o Governo anterior que conseguiu fazer um arrocho de fato conseguiu diminuir os salários em 59% em termos reais. Agora, quanto à questão do limitador, eu queria me referir a isso, e queria colocar muito claro – eu já fui dirigente sindical durante uma gestão, Presidente da Associação dos Funcionários da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e fui reeleito, inclusive, – e nós lá fizemos um Plano de Carreira, construído de baixo para cima com os funcionários de todas as Universidades, e para nós a questão sindical não é uma mera questão corporativa de disputa de salários – e não é só isso. É, sim, mas não é só isso. É importante que se tenha uma visão global do que está em jogo, e o que o Prefeito Olívio Dutra quer garantir, por uma questão de honestidade e por uma questão de compromisso com a globalidade da população desta Cidade, é que os gastos com o pessoal não passem de 98%. Se o Ver. João Dib tem razão de que de fato os gastos com  o pessoal não chegam a 98%, então não há o que temer para aprovar este Projeto, se é verdade isso. Agora, precisa sim, Vereador, precisa limitar, porque a população da Cidade tem o direito a um mínimo de atendimento das suas necessidades. Tem, sim, e eu duvido que algum Vereador desta Casa vá discutir com a população e dizer que a população não tem no mínimo o direito de 2%. Eu acho até que tem muito mais. É essa a questão que está em jogo. Agora, eu acho que a coisa é bastante simples. Se, como diz o Ver. Dib, o gasto com pessoal não chega a 98%, então não há o que temer, o Projeto está muito correto.

Agora, se os dados que o Ver. Dib coloca aqui não estão corretos e se por algum motivo a folha de pessoal possa chegar a mais de 98%, eu continuo defendendo que a população tem o direito a um mínimo de 2% de investimento nesta Cidade. É isso que está em jogo, é bastante simples, não tem mistério, até porque eu, pessoalmente, entendo que a população precisa muito mais do que 2%. O que eu acho que está acontecendo é que alguns Vereadores vêm aqui fazer demagogia  porque os seus Governos fizeram arrocho e, outros, vêm aqui tergiversar, e não tratam especificamente  do Projeto que o Prefeito Olívio Dutra mandou para esta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Com a palavra, o Ver. Flávio Koutzii.

 

O SR. FLÁVIO KOUTZII: Sr. Presidente, Srs.  Vereadores, Srs. Municipários. A esta altura dos debates parece que as posições e os argumentos principais estão colocados e eu só tomo a palavra porque, apesar de tudo, me parece que o ângulo principal da questão foi pouco explorado, e colocado, isso sim, de uma forma insuficiente. Gostaria de dizer, como já fiz sentir isso em outras intervenções sobre temas referentes a salários, que nunca nos foi fácil subir à tribuna quando reclamamos da categoria eram requeridos e defender, quando nos pareceram justo e oportuno, posições contrárias da categoria. Mas em nenhuma oportunidade neste ano e sob esses temas eu subi com a consciência tão tranqüila e com a serenidade tão grande quanto posso fazer hoje, por uma razão muito simples: nós não temos anda a ocultar para a categoria dos municipários. Se nós, que temos um cálculo um pouco diferente do Ver. João Dib, e que oramos todo dia que ele tenha razão, embora se tenha enganado recentemente quando calculou em julho receita de 30 milhões e deu 24 milhões, mas mil vezes gostaria de reconhecer que ele tivesse razão. É o mínimo de respeito por interesse à comunidade. Mas o que queremos deixar claro, Ver. Jacão, é que se, infelizmente, nós chegarmos, eu não diria nos 98%, mas perto do 98% esta Cidade entra, claramente,  num curso caótico absolutamente impossibilitado, não de uma política de investimento, que não existe, porque é impossível, todo mundo aqui nesta sala sabe que é impossível, mas num objetivo bem mais modesto, que se filtra neste plano de seis meses que apresentamos. São quase tarefas de manutenção e pequenas iniciativas baratas. Só isso prometemos à Cidade nesses seis meses porque não há outro recurso, mas se por uma infelicidade nós chegarmos perto dos 98%, nem isso vai se fazer. É lógico que numa Plenária haja preocupação na defesa irrestrita de seus salários e seus direitos. É um pouco diferente quando a questão se discute, aqui, quando existe uma representação pluripartidária que reclame permanentemente e com toda a razão que se faça isso ou aquilo, que se tomem iniciativas, que se equipe a Prefeitura, que se faça, que se faça, e que se faça. Mas, os mesmos que, corretamente, no exercício do seu mandato e das suas convicções demandam isso, tem a responsabilidade na instância da Câmara de Vereadores, na instância daqueles que, além da ideologia e do Partido que representam, representam a Cidade, de zelar por um recuso equilíbrio mínimo dos recursos da Prefeitura. Es e por acaso se apresentar uma situação crítica, atingindo o patamar de 98%, nós claramente, nós enfrentaremos o problema de foram que está previsto no Projeto recente que mandamos a esta Casa. Não há nenhuma ambigüidade. Não é possível. Acho mesmo que o comentário do Ver. Décio Schauren é excessivamente tolerante, sobrou 2%. De fato não se deve usar o presente, em momento nenhum, a não ser na média dos primeiros quatro meses. E mantenho os meus cálculos, o gasto médio, incluindo 122% de abril, Ver. Dib, deu 98,46%. Depois, não foi baixando em maio, junho e julho. Nisso estamos de acordo. Temos uma expectativa menos otimista, não que se mantenha o saldo, mas que aos resultados positivos de junho se agregariam resultados mais positivos de julho, não foi assim, não deu os 30%, ficamos no mesmo nível de junho. Isto tem que ver, efetivamente, com fatores que não são só da contabilidade da Prefeitura, mas da própria crise que a sociedade vive.

Sabemos que é essa a responsabilidade da Casa, não especificamente a questão do Veto, porque derrubar ou não o Veto, tem a ver com o fato político produzido pela apresentação do novo Projeto. A Casa já sabe que há este Projeto, já está protocolado, o compromisso já foi assumido, é polêmico pelo que se entendeu, aqui, nas vária intervenções. Mas esta é a proposta a discutir. É por isso que achamos que cabe a manutenção do Veto ao Projeto anterior. É verdade e me sinto obrigado a reafirmar isso, na qualidade de Líder do Governo, que para nós o Projeto é casado, nós queremos de fato, como diz o Ver. Elói, apenas repor o que a inflação consome, permanentemente, acolhemos a idéia posta várias vezes e corretamente, por lideranças sindicais, aqui, municipários de todo o País, que o espaço do bimestre produz pela inflação desembestada que este País vive, uma erosão muito grande. E, portanto, é preciso trazer para o reajuste mensal, e isso está previsto. E em terceiro lugar, esta Cidade precisa ser levada em conta e precisa ser parte da reflexão, do entendimento e da análise dos próprios funcionários, porque senão não dá. E é verdade e eu não vou ocultar esses fatos, porque da mesma maneira que eu subi, anteriormente, à tribuna e disse: o Governo da Frente Popular nunca fez “Apedidos” para jogar a população contra o funcionalismo, hoje tem um, eu tenho que dar uma explicação. Por que não fez? Porque tentou negociar, permanentemente, uma posição de equilíbrio. Na medida em que, pelo menos em nível da Assembléia dos Funcionários, não foi aceita a noção de um teto de praticamente 100%, nós, do ponto de vista do entendimento desta sociedade, do ponto de vista político e do ponto de vista da confrontação, se for necessário somos obrigados a esse debate. Ou nós achamos que o debate vai se dar entre a Câmara, funcionários e o Prefeito? E a Cidade onde é que fica? Ela vai entrar no baile, porque 98% é insuportavelmente alto. E é por isso que da forma direta, clara e respeitosa, e sobre tudo falando sempre a verdade, a nossa proposta é uma proposta global, o nosso apelo é sensibilizar o funcionalismo, porque se chegar a tocar os 98% o que nós podemos vislumbrar, politicamente, é a necessidade de nos reunirmos, os funcionários, o Prefeito, os partidos políticos para ver como saímos dessa. Porque senão acaba o funcionamento desta Cidade, e todo mundo sabe disso, e especial responsabilidade têm aqueles experimentado, ex-Secretários, Prefeitos, etc. que sabem que é preciso ter uma margem importante. E o PDT, eu não busco aqui a polêmica, governou tentando manter a faixa de 56%, e nós estamos falando no dobro, e ainda vem aqui e manda brasa na gente. Eu não gosto de usar a palavra demagogia, mas é uma certa falta de proporções.

Eu encerro aqui, Sr. Presidente, reiterando que seja tomada esta intervenção, da Liderança da Bancada, incluindo evidentemente a posição do nosso companheiro
Alvarenga que já expressou num sentido de que se pense com todo o rigor de que frente a nós não está uma mera decisão sindical, está em jogo, efetivamente, não o prestígio da Administração Popular, estão em jogo as necessidades elementares da Cidade de Porto Alegre. Obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Giovani Gregol.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, pessoas que aqui vieram e que aqui permaneceram, aqui estão acompanhado esta Sessão da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Eu gostaria de deixar, aqui, um testemunho e uma impressão que, além de ser uma impressão, uma opinião da minha Bancada, do meu Partido, da minha Administração, é uma impressão também de forte cunho pessoal, porque eu sou um Vereador novo na Casa, é a primeira Legislatura para qual fui eleito. Em quase oito meses de Administração e de Legislatura aprendi pouco ainda, mas já aprendi alguma coisa, tenho muito a aprender. Vocês que não estão aqui, diariamente, vocês que não estão presentes em todas as Sessões, que não acompanham cotidianamente os trabalhos desta Casa, talvez não tenham notado, não saibam aquilo que eu vou relatar aqui. Uma das coisas que eu observei, e aprendi aqui nesta Casa é o uso, por parte de alguns colegas Vereadores, das chamadas táticas de Plenário, é incrível, gente, quando o discurso é quando as galerias estão lotadas e como o discurso é  outro quando elas estão vazias, muda rapidamente, e eu até invejo os Vereadores que conseguem fazer isso, eu não consigo, acho que nunca vou conseguir mudar o discurso. Meu discurso é sempre o mesmo, tenha público para aplaudir ou para vaiar ou não tenha, que esteja absolutamente vazio, é sempre o mesmo. Eu observei, também, eu tenho observado, também ... (solicitação de apartes.) ... apartes,  nobre Vereador, se dá ou não se dá. Hoje, excepcionalmente, não lhe dou, sempre tenho lhe dado, porque quero concluir o meu raciocínio, me desculpe. Observei, também, segundo o Regimento Interno da Casa, a falta de coerência das manifestações e da atuação de muitos Vereadores da Casa e de algumas Bancadas. Vamos ver o caso do PMDB. O PMDB vem aqui, seu Líder diz que o PT não paga, que o PT no poder é diferente. Vejam só o Partido do José Sarney, o Partido que levou José Sarney ao poder e que tinha, no tempo do milagre, do Cruzado, como Presidente honorário do PMDB; o Partido que tem, sistematicamente, tanto em nível Federal, porque os Ministros do PMDB não renunciam, o PMDB diz que não quer o Sarney e em nível Estadual tem feito o que, em relação às exigências reivindicatórias das categorias que reivindicam, de trabalhadores, do funcionalismo? Tem feito o quê? Publicado as famosas tabelinhas nos jornais, ameaçado, através dos meios de comunicação, tem trocado a Brigada Militar e seus cachorros em cima dos trabalhadores quando fazem greve. Isto o nosso Partido nunca fez em nenhum lugar do Brasil e nuca fará. Vamos ver o PDT, que gosta muito de aparte anti-regimental, o que fez em três anos de Administração? Pagou ótimos salários, deu aumentos mensais, como estamos querendo fazer agora? Nem sequer repôs o índice oficial da inflação. No final da Administração, já perdida a eleição, o Prefeito Alceu Collares manda a esta Casa e o PDT vota no aumento justo, para nós da Administração Popular pagarmos. Belo exemplo de coerência. Aí é justo. Aí vem o PDT, aqui, e faz um discurso dizendo que o PT não é mais o mesmo, que os trabalhadores têm que  receber. Só que lá, quando estavam no poder, aí não era justo, aí não precisava receber. Também esquecimento de muitos colegas.

Vamos ver qual o tratamento salarial que dão as outras Prefeituras do PDT, em Viamão, por exemplo: arrocho de salários, ameaça aos trabalhadores. Vamos ver o Marcelo Alencar, no Rio de Janeiro, o que faz. Tem uma proposta sequer que chegue aos pés da nossa? Tem um tratamento vergonhoso! É uma política demagógica, sim, dos dois pesos e das duas medidas. Para desgastar, sim, a nossa Administração. Para inviabilizá-la, querem mundos e fundos. São justos, querem que a Lei seja cumprida, quando estiveram no poder descumpriram a Lei sempre. E, agora, no Rio de Janeiro, em Viamão, em todos os Municípios onde o PDT é Governo, como é que ele faz? Não faz nada disso que está aí, arrocha salários.

 

(Aparte paralelos.)

 

O SR. GIOVANI GREGOL: A Prefeita Erundina deu aumento e está em vigor. Inclusive, diminuiu o seu próprio salário e dos seus Secretários. Houve greve em São Paulo? Houve, a Erundina negociou e não colocou, como faz o Governo de V. Exª, a Brigada Militar em cima dos trabalhadores. Eu me lembro que, enquanto o funcionalismo estadual estava em greve, o funcionalismo municipal também estava em greve, no ano passado. E o PDT tinha a cara de pau de ir lá na Assembléia Legislativa reivindicar aumento para o funcionalismo estadual, enquanto o Prefeito Alceu Collares chamava polícia para bater, na frente da Prefeitura, nos funcionários. Inclusive, um Vereador colega seu foi preso, entrou no camburão com o líder da categoria porque estava lá reivindicando.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o Vereador, na tribuna, está fazendo uma análise dos partidos políticos e não está debatendo a matéria, que é objeto de debate, que é o Veto.

 

O SR. PRESIDENTE (Clóvis Brum): A Mesa acolhe a Questão de Ordem de Vossa Excelência.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Muito obrigado, Ver. João Dib, pelo seu ato democrático.

A nossa Administração já tem uma postura diferente. A nossa Administração comete erros? Comete. Qual a Administração não comete? Comete erros graves? Sim, comete, só que tem algumas diferenças. É por isso que eu tenho convicção de que ela não perdeu e nem vai perder o trem da história, porque nós não publicamos tabelinhas, Ver. Dib, dizendo que funcionário é marajá. Nós não ameaçamos as categoria dizendo que, se entrarem em greve, vai acontecer isto, ou aquilo, vão rolar cabeças, como foi feito no seu Governo, Vereador. Nós não  tocamos soldados, cachorros, policiais em cima da categoria quando ela entra em greve. Nós não estamos cometendo nenhum ato de corrupção. Desafio alguém vir aqui mostrar, ou provar um ato de corrupção que a nossa Administração tenha cometido. Nós não estamos fazendo apadrinhamento, nós não estamos usando o eleitorismo dentro da Administração Pública. Isto pode parecer pouco para alguns, é a nossa obrigação, é verdade, é o mínimo. Mas eu acho que isso demarca uma diferença qualitativa marcante em relação a outras administrações. Alguns Vereadores acham 98% pouco. Vêm aqui, querem que a Prefeitura comprometa 100% 110% 120%, 150%, 170%, quem sabe 500%. Por que não? Vamos fazer empréstimos, afinal, estamos em ano eleitoral! Vamos fazer empréstimos para os outros pagarem, vamos aprovar, no fim da nossa Administração, leis para que outras administrações venham pagar, desde que não sejam do nosso Partido, evidentemente. Mas não, nós somos uma Administração que tem seriedade, que tem coerência, que está cumprindo com o que prometeu. E porque ela tem seriedade, porque ela tem coerência, porque ela está cumprindo com aqueles compromissos assumidos na tribuna, pelos meios de comunicação, e que nós – é  incrível ter que fazer uma proposta dessas – que nós não queremos comprometer mais do que 98% do orçamento com a folha. Nós queremos deixar toda essa imensidão de 2% de tudo o que é recolhido do Município para atender aos outros compromissos, como água, luz, clips, papel, pagamento de empréstimos feitos nas administrações passadas; 98% do Orçamento nós queremos destinar ao pagamento da folha de vocês. Realmente é um milagre. Nós estamos fazendo um sacrifício muito grande. Aliás, nós não, a Cidade toda de Porto Alegre está fazendo, vai fazer um sacrifício muito grande para conseguir sobreviver com 2%. Mas para alguns Vereadores isto é pouco. Importante é ser justo, é fazer com que os outros façam aquilo que nós não fizemos, ou seja: comprometer mais de 100% do orçamento no pagamento da folha. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDETNE: Verª Letícia Arruda, que transfere o seu tempo ao Ver. Elói Guimarães.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Acho que o Ver. Gregol está com muita voz e pouca idéia. Vejam que há uma questão que diz com a razão de ser do próprio estado de direito da democracia e dos Governos eleitos pelo povo, que é a questão do cumprimento da Lei. Quando se traz à baila, quando se invocam essas questões ligadas à Administração passada e a outras Administrações, não nos serve como argumento, porque uma questão é clara em todo esse debate, e é oportuno que se debata, pois trata da sobrevivência do funcionalismo, e se há uma peça na estrutura, é o funcionalismo que deve ser preservado, a máquina administrativa tem no funcionário a peça fundamental e básica e sem a qual não funciona. A máquina administrativa não produz sem o funcionalismo. Portanto, é o elemento fundamental, é o componente básico ao desempenho da máquina administrativa. Hoje, estamos debatendo uma questão da maior importância para o funcionamento da máquina administrativa, que é o interesse dos funcionários. Mas, se trata de cumprir a Lei, e quando o PT vem para a tribuna, através dos seus oradores, pode gerar a imagem de que o funcionalismo é excessivamente bem pago, de que o funcionalismo recebe salários diferentes das outras categorias, de que o funcionalismo é privilegiado. Nós não podemos aceitar que se venha para a tribuna dar idéias, e vender a imagem, de que o funcionalismo tem salários diferentes das mais categorias. O funcionalismo não está bem pago. O funcionalismo já foi mais bem pago do ponto de vista do poder aquisitivo.

Então, nós temos, a exemplo de determinados meios de comunicação que durante longos anos forjaram a imagem do marajá para justificar as compressões salariais, nós temos que tirar este discurso. Nós precisamos arredar este discurso. Este discurso não pode ter curso, que cumprir a Lei vai inviabilizar, vai tornar ingovernável o Município. É isto que está se sustentando na tribuna. Se está sustentando na tribuna que cumprir a Lei é decretar a ingovernabilidade do Município. Então é preciso que nós afastemos esse discurso, porque este discurso poderá levar uma imagem negativa à opinião pública e o serviço público se faz também da opinião pública. Mas, afinal, a bimestralidade, o Plano Classificado de Cargos, o PT concorda ou não concorda com ele? Afinal, concordam ou não concordam com a bimestralidade? Afinal, concordam ou não concordam com o Plano Classificados de Cargos em vigor no Município? Então é bom que se venha aqui esse diga: “não concordamos com a Lei, não concordamos com o Plano”. Agora, o que não se pode é ameaçar com a ingovernabilidade e não querer pagar o que é correção, vejam bem, o funcionalismo com os 25% não está recebendo, não está acrescentando no seu salário, está corrigindo o poder aquisitivo. Tão-somente o poder aquisitivo.

Então, é preciso que se desmistifique o discurso e se venha à tribuna, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, dizer que a Lei, o Plano Classificado de Cargos inviabiliza a Administração, torna ingovernável o Município, quando nós sabemos que isto não é verdade. Não é verdade na medida em que os funcionários não ganham salários diferentes do contexto das demais categorias do Estado e da iniciativa privada. Pegue-se, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o contra-cheque dos funcionários que todos estão dentro deste contexto estrutural brasileiros onde os salários são massacrados. Ou o PT mudou de idéia? Eu já disse e volto a repetir, eles mudaram o discurso e, aliás, eu faço justiça ao PT e eu tenho feito, o PT veio das lutas salariais, mas está negando esse discurso. Porque vão ao ponto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, de colocar uma questão que me parece que interroga: se nós cumprirmos a Lei? Vejam, o Prefeito Municipal e a Bancada do PT não vão se responsabilizar por cumprir a Lei? Tem é que cumprir a Lei, não vai se responsabilizar por ter jogado o Município a uma situação de governabilidade como querem, como insinuam.

Então fica aqui, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, para que o debate se torne bem claro, tem que vir à tribuna e dizer “olha aqui, não podemos cumprir a Lei, a Lei inviabilizada no Município”. Agora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não se pode sugerir essa idéia à opinião pública, porque os setores aí, os setores do capital e os meios de comunicação gostam muito desse tipo de matéria. Aliás, nacionalmente, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, se montou aí durante alguns anos, de que o funcionalismo era bem pago, e se criou a figura do marajá. E esta figura, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que não é do candidato que anda mentindo por esse País, ela foi construída por um grande aparelho das comunicações sociais de nosso País. Esta figura foi jogada em cima dos salários em nosso País, não se trata aqui de dizer que a Prefeitura paga mal, antes pagava mal. A questão é objetiva e agora, e já. A questão é já, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é a reposição da inflação, não é acrescentar salários, é resgatar, é restituir o que a inflação, esse inimigo invisível comeu da bolsa, do bolso do funcionário e devolver ao funcionário.

Então fica aqui a nossa preocupação com o curso do debate que o PT encaminha, porque lá fora pode parecer que o funcionário público é um privilegiado salarial deste País. Absolutamente não. Se pegarmos a estrutura salarial do funcionalismo, nós vamos ver que no conjunto geral ele está de acordo com os demais salários. Mas vamos argumentar com o comprometimento; é a hora de se fazer a ruptura porque ganhar menos do que o funcionalismo ganha, compromete a sua sobrevivência. Vamos ter que buscar alternativas de formas para mudar o Município como estrutura institucional, porque o que o Município não pode fazer é pagar menos do que está pagando ao funcionalismo.

Fica aqui, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o nosso entender de que é preciso questionar a forma de encaminhamento que está fazendo a Bancada do Governo. É preciso questionar a condução, o perfil do discurso. O Município não é ingovernável; o Município de Porto Alegre é profundamente governável. Agora, o que não se pode fazer é retirar este percentual que é do funcionalismo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Inscrito para debater o Projeto, o Ver. Lauro Hagemann.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Machado de Assis, num dos seus livros famosos falava nos “trapezistas mentais”. E hoje, nesta tarde, nesta Casa, nós tivemos um balouçar interminável de idéias nos trapézios que cada um construiu à sua vontade. Sr. Presidente e Srs.  Vereadores, por trás desta aparentemente simples questão de um Veto existente muita coisa que o velho Sheakspeare dizia que a nossa “vã filosofia não alcança”. Mas eu prefiro e pretendo transformar todo este balouçar dos trapézios, a nossa vã filosofia, numa questão muito simples. Para a Cidade de Porto Alegre, a questão que se está a colocar redunda, simplesmente, numa equação muito simples: se a Prefeitura arrecada uma quantia “X” e deverá gastar uma importância “Y” com o seu funcionalismo, o que é que vai sobrar para atender às necessidades da Cidade? No Projeto que veio do Governo, se elencam 10 ou 11 atribuições que a Prefeitura tem que satisfazer relativamente a pessoal. Não há nenhuma indicação de reposição de lâmpada, de fechamento de buraco, de ampliação viária, de calçamento, de coisa nenhuma. São 10 ou 11 questões versando sobre funcionalismo. Perdoem-me os funcionários do Município, eu faço um breve parêntese para dizer que fui dirigente sindical, por muitos anos, e nunca pretendi usar o cargo sindical para prejudicar a categoria que eu representava mas, em muitas ocasiões, como dirigente sindical, eu tive que exercer uma função reitora, isto é, de dizer não a determinadas reivindicações. Não quero passar por bonzinho, dizer pura e simplesmente que acato as resoluções da assembléia dos funcionários municipais. Já os ajudei em muitas outras circunstâncias e tomara que amanhã não me venham pedir ajuda para resolver um outro problema e conforme a decisão da Casa – não neste Processo, no próximo – poderá vir acontecer.

Por isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu quero dizer, com muita tranqüilidade, que não é a minha posição, é a posição do meu Partido, que faz ´parte da Frente Popular, entre os cerca de 20  mil funcionários da Prefeitura, e 1.200  mil habitantes desta Cidade não há como privilegiar o grupo menor. A Cidade tem preferência. É nesta direção que vamos caminhar. Como Partido temos uma proposta, como parte da sociedade, como Governo temos obrigação de atender a todos.

É por isso, Srs. Vereadores, e sei que o Veto será rejeitado, mas peço a reflexão de todos os Vereadores para o Projeto que virá, amanhã ou depois, não quero saber se vai a 98%. É preciso pôr uma limitação para os gastos com pessoal. Ninguém está pretendendo prejudicar o funcionalismo da Prefeitura. Só que a Administração Municipal não foi feita para administrar os funcionários da Prefeitura, foi feita para administrar a Cidade.

É isto, Srs. Vereadores, e outra coisa: é preciso que se acabem com as fofocas de corredores, dizendo que os funcionários não vão ter mais aumento este ano, vão ter aumentos, até o mês de dezembro, ou reajustes, que seja a palavra que quiserem, ninguém neste País vive com salário decente. Está todo mundo reclamando isto, e continuaremos a reclamar, dentro das possibilidades que a Prefeitura tem de pagar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Próximo orador inscrito é o Ver. Luiz Machado, que cede o seu tempo ao Ver. Clóvis Brum.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, talvez não vá ocupar todo o tempo regimental, mas é importante que se deixem claras algumas coisas. Em primeiro lugar, estas conquistas dos trabalhadores da Prefeitura decorrem de uma luta destes trabalhadores da Prefeitura, e tais conquistas não decorrem da vontade própria desta Casa, mas de vontade e de luta, e de conquista dos trabalhadores que tiveram em seu bojo uma representação muito participativa do PT.

Outro dia a Bancada do PT fez uma substituição na sua representação, nesta Casa, trazendo o Secretário dos Transporte para debater um assunto que versa sobre o transporte, eu só lamento que, hoje, não tivesse trazido o Paulo da Cruz, que sempre foi um defensor dos trabalhadores da Prefeitura nessas conquistas. Lamento profundamente a ausência do Ver. Chumbinho, que na certa estaria votando junto com os seus colegas, até porque levou grande votação no meio dos funcionários.

Agora, eu disse ao Ver. Dib, bem feito para mim e para o Ver. Dib, nós íamos entrar nesse debate, mentiroso, porque a Cidade não pode acreditar num debate mentiroso que se está levando a travar de que 98% está comprometido com o funcionalismo. Isto é um debate mentiroso! Eu sabia que detrás desse debate se escondia alguma coisa, e daqui a um pouquinho mais, uma mentira dita repetidas vezes se transforma em verdade. Que mandem os extratos das caixas registradoras da receita, que mandem os extratos do dia dos depósitos bancários, vamos ver onde está essa documentação. Só vem papel que não retrata a realidade. Pois muito bem, se tal for verdadeiro, Ver. Gregol, eu não voto a favor desse Projeto mas, por favor, tragam os extratos das máquinas registradoras, a cópia fiel dos balancetes, tudo que entrou na Prefeitura. E não venham dizendo que o pagamento de tapa-buraco é pessoal. E quando eu me retirei da reunião das Lideranças, quando o nobre Ver. Flávio koutzii quis falar dos 98%, eu me retirei, porque eu não queria participar desse debate, porque a imprensa que hoje está aqui, a “Zero Hora”, e outros veículos de comunicação vão pensar que é verdade, que a Prefeitura está gastando 98%. E não é verdade, é mentira! Aliás, foi muito cobrado e eu fiz um discurso aqui, foi o primeiro discurso da tarde, sem nenhuma veemência, tranqüilo, até atendendo recomendação do Ver. Lauro Hagemann, que agora eu transfiro aquelas recomendações, faço as recomendações dele as minhas, olha o coração, Ver. Lauro Hagemann. Porque o meu discurso foi tranqüilo, pacífico porque eu nunca imaginei que o PT fosse usar essa história de 98%, na tribuna, nunca me passou pela cabeça. Bem feito para o Ver. Vieira da Cunha, ele acreditou que eles não fossem usar esta farsa, pois usaram, e nós temos que ter a coragem de olhar nos olhos e dizer que isto é uma farsa, que isto é uma mentira e que eu não transijo com mentiras, vou fazer um debate sério nesta Casa, vou fazer um debate respeitável, mas nunca a Prefeitura está comprometendo 98% do que arrecada na Cidade com despesa de pessoal.

Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é um debate que não dava para se travar. Eu temia este debate, eu temia porque era um debate de um lado sério e outro não por culpa da Bancada do PT, eu não culpo, sinceramente, pelos dados manipulados que o Executivo enfia nesta Casa, dados imprecisos, inverídicos. Ora estão brincando com a gente, eles estão achando que o que eles dizem é coisa julgada. Mas claro que não é, não se transforma mentira em verdade. Se pode enganar alguns por pouco tempo, mas não vai-se enganar a todos por muito tempo não. A Cidade tem que saber que a Administração do PT está mentindo quando diz que está comprometendo 98% da sua folha, de sua arrecadação, com a despesa como o pagamento de seus funcionários, isto não é verdade, e não é debate sério.

Quando eu não quis participar daquela reunião com as Lideranças, eu não queria este tipo de debate, porque senão eu estou assinando, eu estou dando alimentação a este debate que não é verdadeiro.

E vou dizer mais, Ver. João Dib, eu não tenho uma noção muito exata da despesa, mas não deve passar de 79%, não pode passar de 70%. Acredito que 65% deve ser o dado mais exato. Agora, vai me dizer que está sobrando só 2% para atender a conservação da Cidade, a prestação do serviço público. Não! Eu estou disposto a participar de um debate em cima da receita do Município, em que os documentos sejam mais fidedignos. Extratos de contas correntes, extratos das caixas registradoras. As caixas registradoras do Município têm um documento contábil e aí nós podemos participar de uma discussão. Mas não venham impor uma discussão de que 98% é gasto com os funcionários, porque não é.

 

O Sr. Flávio Koutzii: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Clóvis Brum, eu sempre fico fascinado com suas intervenções talentosas, mas acho que é um dado que já estava presente na sua primeira intervenção e reitero, agora, não tem anda a ver com o que nós estamos falando. V. Exª fala como se estivesse dizendo que gastamos 98%. Para não ter que enfrentar o debate de que o Projeto diz que se chegarem os gastos na média anual  98%, este será o teto.

Portanto, eu gostaria, se divergência há, de que ela fosse discutida sobre a letra do Projeto e não fossemos obrigados a assistir a uma tergiversação absoluta, porque nem está escrito no Projeto, nem fez parte do conteúdo de todas as intervenções da Bancada Governista.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Eu sou grato a V. Exª, Ver. Flávio Koutzii. Eu não tenho poupado elogio à inteligência de V. Exª e não o faço, porque efetivamente não são elogios, é justiça. Agora, a maior injustiça que se comete nesta Casa é largar nos seus ombros a responsabilidade de defender uma coisa indefensável. A sua inteligência esbarra nesse fato e sinto a palidez do seu discurso, quando se trata da defesa deste assunto. A Cidade sabe, a Casa sabe, a população sabe que não se gasta 98%. Não se gasta 70% com o orçamento e eu Clóvis Brum,  não votarei no Projeto, em qualquer Projeto que diga que fica comprometido até 98% com despesa de pessoal, porque sei que os funcionários também não vão querer isto. Agora, isto é, sem sombra de dúvida uma artimanha política de tentar jogar os trabalhadores da Prefeitura contra a Cidade, contra a população. O Ver. Lauro Hagemann foi feliz: é um milhão e duzentos mil almas que querem trabalho da Prefeitura. Mas ninguém está negando trabalho a essas pessoas, absolutamente, a Prefeitura deve atender a população, mas não podemos jogar contra a sofrida classe dos funcionários municipais, dizendo que os funcionários gastam 98%. Não é verdade. Não gastam 70% da arrecadação e com outros 30, 35% é que deve ser atendida a Cidade.

Neste sentido é que faço alguns reparos ao discurso do PT. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A palavra, com o Ver. Artur Zanella.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu estava acompanhando a Sessão na minha sala e não pretendia falar porque o que foi combinado na reunião de Liderança de quarta-feira pela manhã foi que, hoje, nós votaríamos o Veto e o Projeto serviria como um indicativo para a nossa votação. O Projeto não foi aceito pelos funcionários, na sua totalidade, e não foi aceito pela maioria dos Vereadores. Logo não cabe, aqui, a discussão do Projeto que vem a esta Casa porque ele altera, fundamentalmente, o que existe hoje, porque traz para um mês o aumento e traz este condicionante dos 98%, que como não tem a menor forma de entendimento entre as Bancadas de Oposição nos debate, com mais razão não terá no ano que vem quando dos aumentos. Mas isso é para a discussão do Projeto, não do Veto. E este Veto tem uma origem muito clara, e é bom que até se lembre que esse reconhecimento desse resíduo foi identificado no mês de abril e o Sr. Prefeito prometeu encaminhar um Projeto dentro de 60 dias. Dentro do acordo não assinado, e eu me arrependo de não ter assinado o acordo, o pagamento era neste exercício, aos se extinguir os 60 dias no mês de junho chegou aqui um Projeto absurdo, passando o resíduo para o ano que vem. Este Projeto foi retirado e as Lideranças da Casa apresentaram uma Emenda em julho mandando pagar este resíduo no mês de agosto. Nós não estávamos, e como não estamos, aumentando despesa de nada. Nós estamos somente fixando uma data. Uma data que deveria ser no início do ano. O que nós estamos discutindo, aqui, é uma Lei, bem ou mal aprovada por esta Casa no ano passado, exatamente, para evitar este tipo de discussão. Pois no Projeto se falava que, automaticamente, seria corrigido pelo IPC para não haver discussão. E nós estamos à tarde inteira discutindo, inclusive, a parte do Projeto que é o futuro. Nós vamos discutir este Projeto no momento oportuno.

Agora, o que nós temos que fazer, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é votar este Veto, aceitá-lo ou não. Se o Projeto que veio fosse um Projeto aceitável pela categoria, fosse aceitável pelos Vereadores, eu não teria dúvida em dizer que deveria ser aceito. Como o Projeto não é aceitável nestes moldes eu não vejo porque estarmos discutindo o Projeto neste momento, que não é o momento. Agora, é o momento do Veto. E esta Casa, pela sua maioria, por todos os seus Líderes, por Vereadores que fazem parte da Frente Popular, que fique só uma posição, ou os resíduos tem que ser pago no mês de agosto. Então, no momento, como o Projeto não trouxe nada de novo e nada de bom, e não está sendo discutido, o que nós temos que fazer é simplesmente, hoje, derrubar o Veto, fazer o Sr. Prefeito Municipal cumprir a Lei do ano passado e, depois, alterá-la se for este o entendimento dos Srs. Vereadores. E vejam os Senhores que uma das coisas mais fáceis que tem é até fraudar este tipo de coisa. O Sr. Secretário da Fazenda, Dr. Verle, reclamava que o resíduo de 88 tinha sido pago para o Governo anterior. Se tivesse sido pago para este Governo era receita para este ano. Se fosse pago ano no passado, receita do ano passado.

Então, é possível fazer manipulações nestes números e que não é o caso, repito, de nós discutirmos neste momento. Eu só diria que nós temos convivido nesta Casa com informações de que há funcionários ociosos, de que há funcionários demais e que, efetivamente, temos que limitar os gastos com os funcionários. Pois as repartições municipais estão abrindo concurso para mais funcionários e não para professores, médicos, para contador. Então, se há 5.000 ociosos, porque então botar mais gente, como estão botando? E os estagiários que estão entrando? Isto tudo sai como verba de pessoal e é por isso que ela é incontrolável. Os técnicos que chegaram de São Paulo, para tratar da intervenção, os serviços de terceiros de pessoal também entram aqui.

Então, o limite para os senhores funcionários que estão me escutando inclui também isto: estas novas admissões, os estagiários, os técnicos de São Paulo, ou qualquer outro que aparecer por aí. E eu terminaria dizendo que o Ver. Lauro Hagemann, hoje, cometeu duas incorreções: uma porque, há poucos dias, ele pedia calma para os Vereadores, tranqüilidade, o que não fez hoje. E a segunda incorreção, Ver. Lauro Hagemann, é que V. Exª disse a primeira parte, que este Governo aí não foi eleito para os funcionários, e eu concordo, mas V. Exª não disse a segunda parte, que este Governo foi eleito pelos funcionários, porque aquela greve que teve dos funcionários, por tudo aquilo que os funcionários fizeram e votaram, por um sindicato que estava atrelado ao PT, por um presidente que é Vereador e suplente não tem nesta Casa. Esta lá na SOPAL como interventor, ou coisa que o valha, evidentemente, com seus conhecimentos de empresa de ônibus. Mas quando é para votar, aqui, o transporte, o Ver. Antonio Hohlfeldt fez uma aparição meteórica, fantasmagórica, apareceu aqui, deu quatro entrevistas e sumiu, desapareceu. Eu gostaria de ver, agora, aqui, o Presidente do Sindicato da época, que pedia para os funcionários que viessem aqui para pressionar os Vereadores, que achavam que o Plano de Carreira era tímido, era muito pouco. Hoje, dizem que nós, Vereadores antigos, inviabilizamos esta Administração por aprovar um Plano de Carreira equivocado. Não recebemos, até hoje, nenhum Projeto de Lei sobre funcionalismo para alterar esse Plano de Carreira, nenhum, não chegou até hoje, o que significa que, oito meses depois já dava para ter corrigido alguma coisa. E gostaria também, do nosso querido suplente de Vereador, o Paulo, que colocou na sua cédula o apelido de “chumbinho, também estivesse aqui, nesta tribuna, para colocar aquilo que ele sempre colocou. Porque ele não tinha obrigação nenhuma de pensar em percentual, e que o Prefeito tinha que pagar. E é por isso que não pretendia discutir o Veto, porque é uma questão tão clara, um Veto assinado por todas as Lideranças desta Casa, de Oposição, eu creio que não cabe, neste momento, nada mais do que o nosso voto dizendo não a esse Veto, que não dá nada aos funcionários. A nossa Emenda, ela simplesmente manda cumprir a Lei aprovada no ano passado, Lei considerada tímida àquela época. Vamos dizer sim à rejeição do Veto, sem maiores traumas para a Cidade, e porque, tranqüilamente, eu vou discutir isso no Projeto, se os conselheiros do Sr. Olívio Dutra, tivessem dito a ele que mantido o aumento bimestral, a Prefeitura economizaria muito mais dinheiro do que com o novo Projeto mensal. Por quê? Porque  é evidente, se o Sr. Olívio Dutra cumprir a Lei, ele vai gastar menos.

 

O Sr. José Valdir: (Apartes anti-regimentais) então o Projeto é bom.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sem os condicionantes, Vereador, porque nesse condicionante vêm aquelas informações que chegam aqui. Quando a gente pede nota da intervenção, para ver as refeições lá em Cachoeirinha, não mandam, dizendo que vai uma amostragem; quando a gente pede uma coisa, estão estudando. Eu perdi a confiança nas informações que vem do Executivo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em votação.

Convidamos para escrutinadores os Vereadores Ervino Besson e José Alvarenga.

Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação.

 

O SR. SECRETÁRIO: (Após proceder à chamada.) Sr. Presidente, votaram 33 Srs. Vereadores.

 

(É procedido o escrutínio.)

 

O SR. PRESIDENTE: APROVADO o Projeto por 23 votos SIM contra 10 votos NÃO. Portanto, REJEITADO o Veto.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h12min.)

 

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